Uma das coisas que mais preocupava a mim e ao pai do Pequeno, com relação a nossa decisão de mudança, era como tudo isso o afetaria. Apesar de mudarmos com certa frequência, seria a primeira vez que ele realmente se daria conta do que estaria acontecendo. Sentiria de maneira mais intensa a mudança de lugar, de clima, de língua, de estudos e sofreria pelos laços de amizade que deixaria pra trás.
Na nossa última (na verdade penúltima) mudança - quando fomos de Roma para o Rio-, Pequeno tinha somente 4 anos e viveu todo o processo de uma maneira passiva. Dessa última vez, apesar de ter vindo feliz da vida (na verdade acho que até ele sentia vontade "de mudar"), contava o fato de que, basicamente, todas as lembranças que ele conservava na memória da infância foram vividas em um único lugar: no Brasil, das escolas que estudou lá, dos amigos que fez.
Na nossa última (na verdade penúltima) mudança - quando fomos de Roma para o Rio-, Pequeno tinha somente 4 anos e viveu todo o processo de uma maneira passiva. Dessa última vez, apesar de ter vindo feliz da vida (na verdade acho que até ele sentia vontade "de mudar"), contava o fato de que, basicamente, todas as lembranças que ele conservava na memória da infância foram vividas em um único lugar: no Brasil, das escolas que estudou lá, dos amigos que fez.
Nos preocupava - e muito - a questão de Pequeno chegar no meio do ano escolar. E, também, preocupava o fato de ele sair da escola no Brasil e entrar direto na escola aqui. Sem tempo para férias. Os poucos dias de folga que nossa pequena criatura teve foi com estresse de mudança no Brasil, com estresse de chegada aqui, procurando casa, com a vida em 9 malas e toda a incerteza do momento, sem saber onde morar, em que escola iria estudar. Se pudéssemos ter escolhido, com certeza não teríamos mudado nessa data. Mas a oportunidade apareceu e aproveitamos.
Óbvio que não seria um problema ele perder um ano escolar, se fosse necessário. Dos males esse seria o menor. Nosso único medo realmente era de como ele reagiria a todas essas transformações. Sabíamos que ele era um menino super flexível, simpático, comunicativo. Até o momento não havia tido nenhum problema de adaptação, de comunicação muito menos e fazer amizades, até então, era algo bastante fácil para ele.
Quanto aos estudos, me preocupava o fato de Pequeno ser bastante preguiçoso para fazer deveres. Digamos que estudar em casa não seja o seu forte. Somando a isso um pouco de desorganização e o fato do nosso Pequeno estar prestes a entrar na fase da adolescência, confesso, dava um pouco de urticária.
Para quem nos acompanha por aqui sabe que a adaptação dele foi super boa. Nosso menino sofreu sim por deixar os amigos e boas lembranças no Brasil, mas aqui se encaixou super bem na turminha nova, na escola, apesar de todas as coisas bastante diferentes. E não falo somente pelo idioma (que, aliás, teve que botar em prática dois dos quais ele é bem acostumado mas nunca havia estudado: italiano e espanhol). Ele chegou no meio da prima media (o 6º ano do ensino fundamental no Brasil), aonde mudam completamente as rotinas de estudos (tanto aqui quanto no Brasil), é um novo ciclo, fica mais puxado, mais difícil, são exigidos mais. Digamos que, falando de uma maneira bem prática, é a fase aonde o oba-oba fica para trás e eles precisam amadurecer com respeito aos estudos.
E então nosso menino precisou se virar sozinho com suas atividades (até porque em muita coisa não podia ajudá-lo, nem que quisesse). Passou a se organizar melhor, controlar deveres e praticamente todas as tardes passava no quarto estudando. Chegava da escola, almoçava e ia fazer lição de casa, trabalhos e estudar para provas. Organizar-se foi algo espontâneo que surgiu por instinto. Acho que ele sentiu a necessidade e pronto.
As avaliações aqui são um pouco diferentes do Brasil (ao menos comparando com a escola aonde Pequeno estudava). Aqui eles possuem verifica (avaliações escritas) e interrogazioni que basicamente são perguntas que os professores fazem e que valem nota. As vezes podem ser avisadas com um pouco de antecedência para que se preparem. Algumas vezes não. De repente a professora de matemática chegava na sala, chamava o menino e ele tinha que ir ao quadro resolver um problema. Ou a professora de história perguntava sobre determinada parte do capítulo tal e ele precisava responder.
Basicamente mudou tudo que ele estava acostumado. Música, por exemplo, são dois professores diferentes e aqui ele precisava saber desde o valor das notas musicais até mesmo sair tocando instrumentos (como piano, sendo que ele nunca havia chegado perto de um - e agora insiste para ter em casa ao menos um pequeno teclado).
Uma semana após iniciar a escola, Nicola já estava fazendo as mesmas avaliações que os seus colegas, uma vez que ' caiu de paraquedas' justamente no final do quadrimestre (esqueci de dizer: no Brasil as avaliações eram bimestrais e aqui quadrimestrais). Mas não se intimidou. Inclusive, com um certo ar de audácia e de arrogância, pedia para ser avaliado. Até conversamos com os professores sobre isso: talvez tenha sido a maneira que ele tenha encontrado de dizer "eu também sou capaz".
Várias vezes eu - mulher de pouca fé - insisti com a professora de italiano (que também é a vice diretora da escola) se ela não via necessário que Pequeno fizesse reforço da língua. Apesar de falar sempre com o pai e com os parentes da Itália, havia sido alfabetizado no Brasil, precisava reaprender de maneira recorde a língua (sobretudo a parte escrita, que em italiano é bastante difícil com seus acentos ao contrário e suas letras duplas). A resposta dela, do ínicio ao final, foi a mesma: "não se preocupe com isso. Ele não precisa. Seu filho está no mesmo nível dos demais alunos ... aliás, existem alunos que sempre estudaram aqui que cometem os mesmos erros que ele". Esse tipo de resposta não me entusiasmava muito, mas optei por confiar (na palavra dela e nas atitudes dele).
Não foram somente flores ... notas baixas vieram, para susto nosso e desespero do Pequeno. Mas o que mais me deixava angustiada era que o resultado ruim basicamente era resultado (sendo redundante) da preguiça do Pequeno. Um parágrafo que faltou para ser lido. Uma mentirinha que ele disse (que sabia tudo, mas não sabia). Preguiça de revisar a matéria de matemática e refazer exercícios. Mas tudo foi aprendizado. Quando alguns resultados ruins vieram, se deu por conta de que realmente aquele discurso que num primeiro momento parecia ser "papo de pai e mãe chatos", era real e fazia sentido.
Éramos conscientes de que Pequeno estava exausto de tanto estudo. Como falei antes, ele emendou uma escola com a outra, sem direito a férias, sem direito a pausa, sem direito a descanso, no meio de um turbilhão de incertezas. Foi um exercício de reflexão e paciência, também, para mim e o marido (mais pra mim do que pra ele).
Ficamos aliviados e felizes com a aprovação dele. Não porque ele tenha sido aprovado (como falei logo no início, esse não era o objetivo principal). Estou feliz, aliviada e - faltou talvez a palavra principal - orgulhosa, porque Pequeno mandou super bem. Encarou o novo com entusiasmo e curiosidade, aprendeu com os erros e, sobretudo, seguiu mantendo seus próprios pensamentos, sem vergonha, sem se intimidar diante das dificuldades e empenhando-se como nunca.
- "Fui promovido! Fui promovido!".
Promovido: expressão que ele melhor encontrou para me dizer que oficialmente havia passado de ano. Saiu gritando pela casa após ver o resultado no site da escola.
Para ele foi um alívio ... depois de muitos meses de estudo, finalmente suas mais que merecidas férias.
Para mim e o pai dele ... um alívio também, gigante. Um grande peso que saiu das costas e a sensação de que tomamos o caminho certo.
Aguentei firme e forte (quem me conhece sabe que sou uma manteiga derretida). Mas quando ele me abraçou e disse: "muito obrigado, mãe, por tudo o que tu e o pai fazem por mim, por todos os puxões de orelha e por sempre me apoiarem", não resisti.
Outra vez a vida que nos dá mais um motivo para celebrar.
Pequeno Nicola, Amo você!
vídeo que ele publicou no Instagram dele para
agradecer o apoio que ele recebeu :)
Várias vezes eu - mulher de pouca fé - insisti com a professora de italiano (que também é a vice diretora da escola) se ela não via necessário que Pequeno fizesse reforço da língua. Apesar de falar sempre com o pai e com os parentes da Itália, havia sido alfabetizado no Brasil, precisava reaprender de maneira recorde a língua (sobretudo a parte escrita, que em italiano é bastante difícil com seus acentos ao contrário e suas letras duplas). A resposta dela, do ínicio ao final, foi a mesma: "não se preocupe com isso. Ele não precisa. Seu filho está no mesmo nível dos demais alunos ... aliás, existem alunos que sempre estudaram aqui que cometem os mesmos erros que ele". Esse tipo de resposta não me entusiasmava muito, mas optei por confiar (na palavra dela e nas atitudes dele).
Não foram somente flores ... notas baixas vieram, para susto nosso e desespero do Pequeno. Mas o que mais me deixava angustiada era que o resultado ruim basicamente era resultado (sendo redundante) da preguiça do Pequeno. Um parágrafo que faltou para ser lido. Uma mentirinha que ele disse (que sabia tudo, mas não sabia). Preguiça de revisar a matéria de matemática e refazer exercícios. Mas tudo foi aprendizado. Quando alguns resultados ruins vieram, se deu por conta de que realmente aquele discurso que num primeiro momento parecia ser "papo de pai e mãe chatos", era real e fazia sentido.
Éramos conscientes de que Pequeno estava exausto de tanto estudo. Como falei antes, ele emendou uma escola com a outra, sem direito a férias, sem direito a pausa, sem direito a descanso, no meio de um turbilhão de incertezas. Foi um exercício de reflexão e paciência, também, para mim e o marido (mais pra mim do que pra ele).
Ficamos aliviados e felizes com a aprovação dele. Não porque ele tenha sido aprovado (como falei logo no início, esse não era o objetivo principal). Estou feliz, aliviada e - faltou talvez a palavra principal - orgulhosa, porque Pequeno mandou super bem. Encarou o novo com entusiasmo e curiosidade, aprendeu com os erros e, sobretudo, seguiu mantendo seus próprios pensamentos, sem vergonha, sem se intimidar diante das dificuldades e empenhando-se como nunca.
- "Fui promovido! Fui promovido!".
Promovido: expressão que ele melhor encontrou para me dizer que oficialmente havia passado de ano. Saiu gritando pela casa após ver o resultado no site da escola.
Para ele foi um alívio ... depois de muitos meses de estudo, finalmente suas mais que merecidas férias.
Para mim e o pai dele ... um alívio também, gigante. Um grande peso que saiu das costas e a sensação de que tomamos o caminho certo.
Aguentei firme e forte (quem me conhece sabe que sou uma manteiga derretida). Mas quando ele me abraçou e disse: "muito obrigado, mãe, por tudo o que tu e o pai fazem por mim, por todos os puxões de orelha e por sempre me apoiarem", não resisti.
Outra vez a vida que nos dá mais um motivo para celebrar.
Pequeno Nicola, Amo você!
agradecer o apoio que ele recebeu :)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixa um recadinho pra gente aqui, vai!