Fica difícil não chamá-lo assim ... "Pequeno" ... mas a verdade é que já não está mais tão pequeno assim (embora a genética, tenho certeza, não colaborará para que seja muito "grande").
Se aproximava a data do aniversário, 04 de setembro. Coincidia, também, com o finalzinho das férias por aqui. Julho, agosto e setembro são os meses de férias de verão. E para quem como eu não gosta de frio, esses três meses são bem especiais.
Por motivos óbvios, este foi um verão atípico. A bem da verdade é que achávamos que nem existiria.
Normalmente a maioria das pessoas deixa para tirar férias em agosto. Nós tiramos aquela semaninha de férias no final de julho (se perdeu os posts - porque foram dois - desce mais um pouquinho para nos ler) e aguentamos todo esse mês calorento e de ruas vazias pela cidade (porque todo mundo viaja mesmo, lojas e comércio fecham) evitando - ainda - aglomerações, lugares cheios. Pegar avião, então, nem pensar.
Pequeno queria porque queria voltar para Firenze. Ele tem um encantamento com aquela cidade que não sei nem explicar. Queria ficar lá com calma, pra visitar todos os museus possíveis e apreciar tudo o que aquela cidade histórica proporciona.
Nada feito. Já visitei Firenze (Florença) algumas tantas vezes e o que queria mesmo era conhecer um lugar novo.
Precisávamos de um relax, um último fôlego antes de recomeçar. Foram e estão sendo meses difíceis, estranhos, incertos e angustiantes. Sobretudo com relação às incertezas do futuro próximo. Tentamos sempre ser positivos, perseverantes mas nem sempre é possível. Tem vezes em que a peteca cai e fica difícil levantá-la. Ainda bem que até pra isso aqui em casa formamos uma boa equipe: quando a peteca de um tá querendo cair, vai lá o outro dar um tapão na peteca e jogá-la pra cima novamente. Durante esses meses, preciso reconhecer, tivemos momentos de estarmos os três bem murchinhos ... mas a gente conseguiu rir até mesmo dos nossos momentos deprês.
Precisávamos TODOS descansar um pouquinho. Parece até estranho dizer isso depois de longos meses por casa. Talvez a palavra certa fosse desconectar. Outras paisagens, outros lugares ...
Eu queria mesmo é ir para a praia, o mar. Ah! O mar! Quase 7 anos no Rio de Janeiro com ele bem ali na nossa frente e agora estamos há quase 2 anos sem sentir a brisa, a maresia, a água salgada na pele. Mas tínhamos pouco tempo de férias (uma semaninha somente) e nós e toda a torcida do Flamengo (neste caso, do Juventus, do Roma, do Inter, do Milão ...) também desejavam a mesma coisa.
Resolvemos, então, aproveitar esse clima de "praia no verão" mas ao invés de ir pro mar nosso caminho nos levou em direção ao lago. Um local próximo de casa - assim não perderíamos tempo em viagem - e, ao que todas as recomendações indicavam, um lugar lindo.
Fomos pra região do Lago di Garda, o maior lago da Itália. Ele é tão grande que fica localizado em três regiões diferentes: Lombardia, Veneto e Trentino-Alto Adige.
Primeiro um pequeno desvio de rota para uma paradinha rápida em Verona para que meus Nicola's a conhecessem. Eu havia conhecido Verona há muitos anos. E a bem da verdade é que já nem lembrava muito da cidade. Que linda Verona! Pretendemos voltar, com mais tempo, mais calma e menos gente.
Felizmente, apesar do pouco tempo, conseguimos conhecer um pouquinho do Lago em cada região. Ficamos hospedados em Sirmione (província de Brescia, na região Lombardia). Num dos dias de passeios visitamos Lazise (que fica na região de Verona, Veneto). Em outro dia de estrada, fomos parar em Riva del Garda (na província de Trento, na região de Trentino-Alto Adige).
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Sirmione |
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Lazise |
Nosso intuito era relaxar, tomar banho de lago, curtir piscina do hotel, torrar no sol, ficar cansado de fazer absolutamente nada. Mas isso mesmo só fizemos no nosso último dia de hotel, dia do aniversário do Pequeno, por expresso desejo do aniversariante:
- "Amanhã não quero fazer nada, quero só ficar na piscina do hotel, tomar banho de lago e de noite sair pra jantar naquele restaurante que eu gostei".
E foi exatamente isso que fizemos.
Na noite anterior ficamos atirados no sofá/cama do Pequeno esperando que chegasse a meia-noite. É tradição aqui em casa esperar a meia-noite para dar parabéns. Mas nosso ritmo frenético de passeios juntou com o corpo cansado e molenga de férias e acabou que dormimos antes. Acordei no sofá toda dolorida. Marido já não estava mais (sacaninha ele, foi pra cama e me deixou!), tv ligada e Pequeno num sono profundo. Olhei no celular: 00:20h. Dei um abração nele, um beijinho na bochecha redondinha, sussurrei um "Feliz Aniversário" mas, nada. Pequeno estava no melhor dos sonos.
Na manhã seguinte acordamos não muito cedo (afinal, era dia de não fazer nada) e fomos, então, dar o abraço coletivo ao Pequeno aniversariante que acordou, mas logo deu uma nova cochilada. Férias cansam, ué?!
Havia comprado algumas pequenas decorações para enfeitar o ambiente, marido saiu para comprar um bolo e na hora do almoço mesmo cantamos parabéns.
Ele estava feliz e radiante. Pequeno adora fazer aniversário. Faz contagem regressiva, planos, reflexões. Nesse ano, enquanto esperávamos a meia-noite no sofá, fez até discurso de "adeus à infância" (coisas do meu filho!). Na verdade, no discurso dele, simplesmente agradeceu a mim e ao seu pai pela infância que o havíamos proporcionado, com todas as coisas boas (que foram muitas) mas também às ruins, que o deixaram um grande aprendizado. Esse menino ... se não fosse meu, eu raptava!
Ficou feliz com todas as mensagens que recebeu e fez questão de responder uma por uma. Se sentiu importante pelas pessoas dedicarem um tempo para pensar nele.
E teve tanta sorte, mas tanta sorte, que até fez novos amigos no hotel.
Onde estávamos 90% dos hóspedes eram alemães. Pequeno bem que tentou puxar papo em inglês com a galerinha da Deutschland, mas não deu muito certo. Foi até engraçado quando foi puxar papo com o menino que havia acabado de chegar. O menino olhou pra ele estranho quando Pequeno arrastou um inglês perguntando se queria brincar. Pequeno olhou estranho pro menino que fez cara de "quê?". E Pequeno pro menino:
- "Você é italiano?"
- "Sim ... eba! Você também!"
Os dois aliviados porque, finalmente, tinham alguém para jogar bola na piscina, correr pelo parquinho, trocar número de celular, fazer piadinha, estabeleceram um elo de amizade que (pena!) duraria menos de 24 horas, já que na manhã seguinte iríamos embora.
No finalzinho da tarde, início da noite, saímos para dar um passeio pelo Lago, antes de irmos jantar no restaurante escolhido por Pequeno. Havíamos ido alguns dias antes e ele gamou no restaurante, sobretudo pela simpatia dos garçons mas, também, porque deixavam levar pra casa o pão delicioso, caso sobrasse.
E durante o caminho não somente o aniversariante como todos fomos presenteados com um pôr-do-sol lindo, desses de tirar o fôlego e arrepiar os pelos do corpo. Desses momentos em que a gente nem fala, só respira fundo, observa e mentaliza um "obrigado, Universo!".
Nos sentimos "em casa" no restaurante. Pequeno nos advertiu para que comêssemos pouco pão para sobrar e levar para casa (???). Na verdade, do pão nem quis saber muito mas do vinho ... ah! Que delícia! Já havia me apaixonado por ele na primeira vez que fomos jantar ali. Descobrimos que era produção propria. Os mesmos proprietários do restaurante eram proprietários do hotel (em cima do restaurante fica um hotel - que não foi o que nos hospedamos), também do café que fica ao lado do restaurante e, como se não bastasse, eram proprietários de uma vinícola que, posso garantir, produzem vinhos de excelente qualidade. Assim que se algum dia forem na região de Sirmione, recomendo uma paradinha em Lugana e que provem um Ca' Dei Frati.
Óbvio que fomos na vinícola. Não visitamos porque é preciso agendar antes para visitação mas uma paradinha na loja foi obrigatória. Ainda não provamos todos os tipos de vinhos, mas o branco que provamos duas vezes no restaurante é uma delícia.
Falando em vinho, a garçonete que havia feito amizade com Pequeno da outra vez que fomos, ao saber que era seu aniversário, botou um pouco de vinho (um golezinho) numa taça para que Pequeno brindasse por seu aniversário. Foi por livre e espontanea vontade dela, nem se preocupou em perguntar se podia. Talvez porque soubesse que se me perguntasse, teria dito que não. Brindamos e Pequeno degustou aquele golezinho de nada como se fosse a última gota da garrafa.
- "Gente! Que coisa boa! Vinho é muito bom!"
Depois a moça voltou e disse pra ele algo do tipo:
- "Agora que tá adolescente, te dou um conselho: se tiver que fazer algo do tipo, que seja sempre na frente dos teus pais. Nunca faça escondido."
Pois é, filho! No futuro, quando (e se) for beber, me avisa que vou junto. Depois, lá pelas 5h/6h da matina a gente liga pro teu pai buscar a gente :)
Como se não bastasse toda a delícia de dia que passamos, na volta, com o estômago cheio e o fígado borbulhando de vinho branco (e Pequeno com seu pão debaixo do braço), Papai do Céu nos enviou uma lua linda para iluminar nosso caminho de volta pelo Lago. Dessas luas que não tem camera de foto capaz de reproduzir tamanha beleza. A gente até esqueceu dos mosquitos e que estávamos todos com a bexiga apertada :)
De verdade, desejo que a adolescência do meu Pequeno-Grande menino, que está iniciando agora, seja exatamente assim como foi o dia do seu 13º aniversário: com muito carinho, surpresas, amizades, amor, novas experiências, barriga cheia, sorrisos e brilho no olho.
Voltamos todos com gostinho de quero mais. Mas o bom de tudo é que tá aqui pertinho de casa. Então, se o Universo permitir - e assim há de ser - voltaremos com certeza.
Bom novo ciclo, meu filho! Feliz adolescência, meu Pequeno!
Olá!
ResponderExcluirJá desejamos tudo de muito bom para ele, mas esse Post e´muito legal. Um pequeno GRANDE adolescente, que certamente será um pequeno GRANDE HOMEM, pois tem o exemplo de vocês. Um beijo enorme no coração de todos.