Mãe Chata!

Quem me conhece (ou ao menos lê há algum tempinho nosso blog), sabe que não sou mãezona. Sempre digo que meu instinto maternal ficou perdido em algum lugar. Nunca fui mãe babona. Aliás, creio que seja até um pouco severa demais. Mas, convenhamos, nunca tive paciência pra criança chorona, manhosa, mimada. Se quando ainda não era mãe não suportava isso,  por quê teria que suportar isso da minha própria criatura? Papai muitas vezes diz que sou "chata" demais com o Pequeno. No final, acaba sobrando pra ele - o Papai - também.

Resumo da história: com o Pequeno, sou chata, mandona, exigente, estressada e chata (já falei????).

Terça-feira passada, Pequeno teve sua primeira gita scolàstica ou, o que é o mesmo, o primeiro passeio com a escola. Foram visitar uma reserva natural às aforas de Roma. O dia amanheceu chuvoso, a princípio voltariam antes do tempo. Mas logo abriu um solzinho e eles puderam passar o dia por lá.

Coisa mais lindinha ele dando ciao desde o ônibus. Estava todo feliz, emocionado que iria num passeio com os "amigos", "sozinho" (sem mãe e pai), que iria fazer lanche com os amigos, jogar com os amigos, TUDO com os amigos.

Segundo o Pequeno, lá eles passearam, brincaram, viram muitas árvores, muitos animais ("até inseto tinha, mamma!"), jogaram no parquinho, lancharam, fizeram até biscoitos (que trouxeram pra casa - mas eu e Papai não tivemos a oportunidade de provar porque Pequeno comeu tudo - sorte que no dia seguinte a profe levou outros biscoitos, assim pudemos provar).

Voltaram felizes, contentes, cada um com uma banana que trouxeram de lá também ... e muito cansados!

As profe's que foram junto também tinham uma cara de cansadas que dava pena!!! [fiquei aliviada por não ter ido junto]

Estava esperando aquela fila enorme de mães que foram buscar seus pequenos (uma mais ansiosa do que a outra). Quando chegou minha vez de entrar na sala de aula dele, escuto que a profe estava comentando com as outras mães que "alguns" haviam bagunçado muito, haviam desobedecido, atrapalharam um pouco o passeio. Meu instinto de "madrasta" fez com que meus olhos fuzilassem o Pequeno, porque juro que pensei que ele estaria incluído num desses "alguns" bagunceiros.

Quando ele passa pela profe, ela diz:

- "Eyyy, espera aí".

"Pronto", pensei. "Sabia que era ele".

Quando ela solta:

- "Senhora*, tenho que lhe parabenizar. Ele é simplesmente MARAVILHOSO!!!! Educado, responsável, obediente, cumpre as regras, nos escuta ...".

Juro que pensei: "que bobinho, nem se divertiu". [quem entende as mães?]

Gente, parece que a mulher leu meu pensamento:

- "... o que não signifca que ele não se divirta. Ele brinca, joga, faz estripulias ... mas é uma criança perfeita. Parabéns, senhora! Não sei como a senhora faz, mas ele é maravilhoso!".

Pensem num pimentão. Pois assim eu fiquei. Morri de vergonha! Primeiro porque receber elogios diante daquele bando de mulherada, é pra deixar qualquer um cor-de-pimenta. Segundo, porque me senti a mais  imbecil de todas ... tadinho do meu Pequeno, já estava preparando um sermão para quando chegássemos em casa.

Morri de orgulho! Saí da escola sorrindo solita pela rua.

E quando chegamos em casa, o sermão se transformou em beijos, abraços e uma pequena conversinha sobre 'o por quê' de estar super feliz com ele.

Vai ver nem é tão ruim ser uma mãe chatinha, às vezes ... mas só às vezes.
____________________________________________________
* aqui na Itália, casou virou senhora. Não importa se tenha 20, 30 ou 60 anos: é senhora igual.