Verdade que Dói.

Estávamos tristes com Pequeno. Pela milésima vez dava o discurso de que ele precisava estar (ser) mais atento com as coisas.

Desde algum tempo, Pequeno anda insistindo num vício de "bocabertices agudas". Ele anda muito estabanado. Estabanado mesmo. Conhecendo muito bem nosso filho, até tentamos avisá-lo:

- "Cuidado que o copo vai virar."

Ele não deu bola. E o que aconteceu? O copo virou.

- "Presta atenção que tu vai deixar cair comida do prato."

E o que aconteceu? Deixou a comida cair do prato.

- "Cuida que vai ..."

Foi.

A gota d'água - quase que literalmente falando - foi quando, por desatenção confessada,  ele deixou um aparelho eletrônico cair no vaso sanitário.

E o que aconteceu? O troço pifou, lógico.

Entre o desespero da criatura (que caiu aos prantos) e a brabeza dos pais que sabiam que acidentes acontecem, mas o havíamos avisado, iniciamos o discurso quase que diário de que era preciso prestar mais atenção, que as coisas custam caro e blablablá.

A solução do Pequeno, bem simples, foi a de:

- "Tudo bem ... eu peço para o Papai Noel no próximo Natal."

Papai, que já estava zangado, soltou feito bomba:

- "Papai Noel não existe!"

- "Existe sim."

- "Não existe não. Somos nós quem compramos os presentes."

- "E a Befana?"

- "Também não existe. É tua mãe quem coloca coisas dentro da meia."

Aos prantos, quase que suplicando por uma resposta contrária, entre soluços, ele pergunta:

- "E o coelhinho da Páscoa, não existe também?"

Foi muito para meu coração. E aí quem começou a soluçar ...

... fui eu.