Caro Papai Noel!
Faz tempo que não lhe escrevo. Tempo mesmo. Talvez uns 30 anos.
Desculpe-me. Descobri que você "não existia" e fiquei furiosa ... com você. Resolvi lhe esquecer, lhe ignorar, por muitos e muitos anos. Até que recebi o meu melhor presente: o meu Pequeno.
Pouco a pouco ele foi fazendo com que me reencontrasse com você. Voltei a ter ilusão com cada cartinha que ele lhe escreveu. Cada brilho no olho ao se reencontrar com você, era uma luzinha nova que se acendia em meu coração.
Mas então, caro Bom Velhinho, chegou o momento do meu Pequeno descobrir que você "não existia". Para ele, um menino cheio de bons sentimentos e cheio de ilusão, foi um momento difícil e triste. Não tinha mais graça, então, essa história de Natal. Não tinha graça o presente ser comprado por pais e mães. A graça toda estava em você.
Mas, ao contrário de mim, querido Papai Noel, ele não desacreditou de golpe. Foi uma descrença gradativa, mas sempre guardando uma pontinha de esperança. Dia desses encontrou com um dos seus milhares de sósias espalhados pelo mundo, levando ilusão aos coraçõezinhos infantis. O olhinho dele brilhou como antes e foi correndo lhe dar um abraço e puxar assunto até não poder mais. Então, enquanto preparava o celular para registrar o momento, como num passe de mágicas, meu coração se abriu para você novamente.
Perdoe-me por ter demorado tanto tempo para o nosso reencontro.
Será que ainda tenho direito a lhe escrever meu pedido? Você, com seu coração bondoso, generoso e imenso, talvez, possa ainda me atender.
Caro Papai Noel! Fiquei anos em dívida com você. Lhe esqueci. Lhe ingnorei. Me desiludi.
Se você ainda tiver um tempinho para mim, receba, então, meu pedido, por favor.
Eu queria pedir um coração mais manso, mais tranquilo. Um coração que não se deixasse amargurar pelos problemas diários, desse mundão que anda bem triste e, por vezes, até chato. Mantenha em mim a certeza de que a bondade, a humildade, a generosidade prevalecem sempre. Siga me inspirando na rotina diária com o meu Pequeno: ele é meu melhor exemplo de que corações puros e generosos sempre existirão.
Me ajude a perseverar sempre. Ter esperança e manter vivos sonhos e desejos. Por mais utópicos que sejam, me faça seguir acreditando e lutando por eles.
Mantenha-me firme e persistente nos cuidados com minha saúde. Neste ano aprendi que o tempo passa para todos e que, independentemente de idade, é preciso cuidado diário, atenção e preocupação consigo.
Mas o meu principal desejo, meu Bom Velhinho, é contar com a presença de meu pai e minha mãe. Tem uma coisa que não mudou nada, nadinha, desde aquela nossa última correspondência, há uns 30 anos: preciso - e muito - deles em minha vida. Saber que logo darei um beijo, receberei um abraço, terei a companhia deles, me faz a pessoa mais feliz desse mundo. Eu preciso deles em minha vida.
Tivemos um susto bem grande, daqueles de dar medo. Mas, uma vez mais, meu pai tirou forças nem sei de onde e segue lutando. É muito difícil ver quem a gente ama sofrer, se abater. Te peço, meu Bom Velhinho, que dê ao MEU VELHINHO a serenidade, paciência e resiliência necessárias para seguir adiante com uma nova rotina de vida.
Abençoa a meus irmãos e minha irmã com muita saúde. Eles são os melhores filhos do mundo e meus melhores companheiros de vida.
Lembra daquela ilusão que eu tive quando lhe pedi a piscina de Natal? Lembra de quando pedi a bicicleta? Pois então, mantenho essa mesma ilusão com os pedidos que acabei de lhe fazer.
Eu prometo, Papai Noel, manter viva a minha esperança, prometo ser persistente nos meus propósitos e juro, juro mesmo, que assim como meu Pequeno, jamais vou lhe esquecer.
Um Feliz Natal para todos!
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Te amo minha irmã, tanto quanto amo os meus demais irmãos e irmã. Como é bom ter vocês em minha vida. Papai Noel está sendo bom para nós. Belas palavras, emocionam mesmo.
ResponderExcluirRenato Fraga
OIM - OMB