#TBT4, senta que lá vem história: o peixinho de aquário.

    Nosso casamento teve uma organização meio desorganizada. Mas foi o que deu pra fazer.

    A princípio, quando decidimos nos casar, meus pais não iriam estar presentes. O casamento seria na Espanha, minha mãe tinha medo de viajar, passagens caras e por aí vai ... mas no final, felizmente, meu pai e minha mãe foram para nosso grande dia. 

    A família do marido também foi desde a Itália: meu sogro, minha sogra, meus cunhados e suas respectivas famílias. Naquele momento os sobrinhos eram 4, todos pequeninos ainda.

    Da minha parte seriam meus pais, meu irmão mais velho, minha cunhada e minhas três sobrinhas, com quem eu morava na Espanha.

    Nosso casamento foi numa quinta-feira, mais ou menos pela hora do almoço (dia e horário não escolhidos por nós).

    Havíamos planejado, então, fazer uma festa para reunir nossos amigos e famílias na sexta-feira à noite. Uma data e um horário melhor para conseguir reunir todo mundo.

nós e a nossa vela, a Carol, dinda do Pequeno, na festa que fizemos na sexta-feira

    Porém, eu e meu quase marido havíamos pensado em fazer algo mais íntimo, somente para nossas famílias, no dia do casamento. Um almoço para reunir todo mundo. A primeira,  e quem sabe única,  vez que conseguiríamos reunir nossos entes queridos.

    Escolhemos um restaurante vasco (não o time, é uma região da Espanha mesmo :P) numa cidadezinha próxima de onde seria a cerimônia do casamento civil. O lugar em si não tinha nada de especial (aliás, ficava ao lado de um posto de gasolina). Mas tinha um jardim bonitinho onde poderíamos, inclusive, fazer algumas fotos.

    Alguns dias antes do casamento, eu e meu quase marido fomos ao restaurante fazer a reserva e escolher o menú. Queríamos o melhor para nossas famílias. Afinal, além de ser um almoço especial de casamento, seria a primeira vez que conseguiríamos reunir os nossos (no caso o marido conseguiu reunir toda a sua família mais próxima, no meu caso faltou muita gente querida).

    Escolhemos várias entradas, de todos os tipos. Os deliciosos pimientos, o famoso jamón, queijos ... uma quase infinidade de entradas. O marido fez questão de pedir, também, boquerones. Não poderia faltar os famosos boquerones.

    Depois fomos escolhendo o resto do menú ... primeiro prato, segundo prato ... e por aí vai. Até chegar nos doces.

    Pois bem. Casamento aconteceu. Nos dirigimos todos para o local do restaurante. Tiramos algumas fotos no jardim (do posto de gasolina) e fomos para o tão esperado almoço.

a gente modelando no jardim do posto de gasolina :)

    Aquele momento quase inexplicável de conversas paralelas em diversas línguas (um falava em português, o outro traduzia em espanhol para o outro traduzir em italiano ... e vice-versa). Pergunta daqui, responde dali, serve o vinho, pega a água, traz o pão. O pão! Não pode faltar o pão. 

    Até que começam a trazer as entradas. Vários pratos que os garçons foram distribuindo pela nossa mesona.

    Os boquerones! Trouxeram vários pratos deles. Espalharam um pra cá, outro mais pra frente.

   Minha mãe olhou com cara feia para o pimentão (ela não gosta).  Meu pai foi servindo, um pouquinho de cada coisa. Acabou e repetiu mais algumas.

    O meu então estreado marido, diz:

    - "Valdemir! Tu não provou os boquerones!", disse enquanto apontava para o prato que estava bem na frente do meu pai.

    Meu pai enruga a testa e diz:

    - "Isso aqui? Não, não quero. Eu é que não vou comer peixe de aquário ..."

    E o prato de boquerones que estava entre meu pai e eu ficou intacto ... porque eu, bem filha dele, também não gosto.

os "peixinhos de aquário"

    Aqui na Itália também tem os famosos "peixinhos de aquário". 

    E quase sempre que peço um dos meus pratos preferidos (fritto di mare) inevitavelmente lembro do meu pai:

esse aqui se chama paranza