Marido e eu estávamos conversando. O papo da nossa conversa era jogar tudo para o alto e sair viajando mundo afora.
Pequeno estava no quarto. Então, o chamei para participar do papo. Afinal de contas, ele faz parte da família e a opinião dele conta também.
- "Filho! Vamos vender tudo, largar emprego, nos desfazer de todas as coisas materiais e vamos sair por aí viajando o mundo inteiro?"
- "Claro que não! Eu vou pro sul morar com meus tios, fica mais fácil pra participar das categorias de base do Grêmio."
Eu e marido nos olhamos com cara de paisagem e com uma certa decepção no rosto: tanto mundo, tanto mundo, tanto incentivo pra viajar, pra ... nada. Pequeno seguiu:
- "Viajar o mundo? Gente! Eu tenho que pensar no meu futuro. Vão vocês!"
Alguém tem que ter os pés no chão nesta casa, né?!
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Acabaram as provas na escola (viva!), apenas mais alguns poucos dias de aula e, logo, Pequeno entrará em férias. Como seguíamos na saga do tênis branco, disse a ele que não iria à escola, pois passaríamos a tarde no shopping, buscando o danado do tênis.
- "Sério? Vou matar aula?"
Achei engraçado a euforia dele por 'matar aula'.
Já saindo de casa, ele me pergunta:
- "Tu já matou aula, mãe?"
- "Já. Algumas quantas vezes durante toda minha vida de estudante."
- "Hummmm ... o pai já matou aula?"
- "Acho que também, algumas vezes."
- "E o Dindo, matou?"
- "Provavelmente sim."
- "E a Dinda?"
- "Ihhhh ... muitas vezes ..."
- "E o vô? Ah! Essa nem precisa responder. Lógico que o vô não, né?!"
Imagina ...
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Uma vez, conversando durante o trajeto até a escola, Pequeno me contava dos seus planos para o futuro: seria atacante do Grêmio (pra quem ainda não sabe, seu - nosso - time do coração), compraria uma casa enorme, faria algumas reformas, dividiria a casa ao meio. Numa parte da casa ele moraria e, na outra, moraríamos eu e o pai dele.
Disse que sempre que pudesse me daria entradas para assistí-lo jogar, que quando fizesse gols os dedicaria a mim, mas que iria morrer de vergonha se eu começasse a torcer "feito uma maluca, como eu sempre faço quando assisto jogos do Grêmio".
Passaram-se alguns dias, tivemos uma discussão (agora mesmo nem me lembro do motivo), mas foi uma discussão feia, "das brabas", daquelas aonde as mães se estressam e botam os filhos de castigo.
Ele estava indo para o quarto, mas de repente voltou até a sala, com passos firmes e furioso. Me olhou do canto da porta, com cara feia (daquelas de dar medo) e em alto e bom tom, disse:
- "E sabe aquela história de que quando eu for jogador vou te levar pra morar comigo? Esquece. Não vou mais."
- "E eu com isso! Não queria mesmo.", respondi muito mal educadamente.
Ora bolas!
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Estávamos conversando e relembrando nossa vida de ciganos: onde moramos, das saudades que temos, dos arrependimentos por ter partido, planejando onde moraríamos num futuro (bem) remoto e, também, fazendo um balanço sobre os pontos positivos e negativos de se morar no Rio de Janeiro.
Então, pergunto ao Pequeno:
- "Tu quer morar toda a vida aqui no Rio de Janeiro?"
Ele respondeu rapidamente:
- "Olha, 'ginecologicamente' ... não."
???
Depois de rirmos (e muito), ele explicou:
- "Eu queria dizer 'provavelmente' não, só que de uma maneira diferente."
Diferentaça, eu diria ...
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