Amor em estado puro.

Monólogo do Pequeno indo para a escola:

- "Sabe, mãe! Eu tenho pensado muito sobre uma coisa. E, assim, não sei nem explicar direito. Sobre o vô ... eu tenho ele muito dentro de mim. Assim, não sei como dizer ... eu sinto ele dentro de mim, do meu coração. Tipo, eu amo muito a vó. Amo muito a nonna. Mas o vô ... não sei, é uma coisa mais forte. Não sei de onde vem esse sentimento, tão forte, tão forte que eu nem sei explicar ... vem lá de dentro. Talvez seja porque ele foi uma das primeiras pessoas que me viu ... ou, quem sabe, porque ele me pegava com tanto cuidado e carinho pra eu dar meus primeiros arrotinhos. [PAUSA: neste momento fui obrigada a dar uma super gargalhada. FIM DA PAUSA] ... continuando ... ou, talvez, seja porque ele quem me ensinou a fazer meus primeiros chutes diretos, me dando dicas importantes de futebol. Não sei. Eu quero crescer e dar muito orgulho pra ele, porque ele merece. Ele é alguém bem especial e importante na minha vida. Ele é uma das pessoas mais fortes que eu conheço, pela resistência dele, pela força, tá sempre lutando. Ele já passou por tanta coisa ... E que bom que ele superou! Eu amo muito o vô ... será que é porque ele é meu único vô? Pode que seja por isso, né? Porque eu me sinto muito triste e sem sorte pelo nonno ter morrido 3 meses antes de eu nascer ... puxa! Uma injustiça! Deus podia ter esperado só mais um pouquinho. Sabe ... tem certas coisas que eu não entendo. Mas ainda bem que eu tenho o vô, né?!"

Então dei a desculpa de que tinha entrado um cisco no meu olho, engoli o choro e tentei explicar que nossa vida é uma caixinha de surpresas. E que as vezes acontecem coisas legais e, em outras, coisas não tão legais assim. Ou, pelo menos, não acontece exatamente como gostaríamos. Disse que é um menino sortudo, por contar com o vô e as vós que tanto o amam e que, desde lá do céu, o nonno fazia parte da vida dele também e que, assim como o vô, o nonno também o amava muito. Que ele não precisava se sentir com mais ou menos sorte por isso. Que questão de sorte ou azar era outra coisa ... nas questões da vida as coisas são diferentes. Disse que se fosse pensar desde o ponto de vista dele, seria a pessoa mais azarada do mundo, já que perdi meus avós muito cedo e não tinha quase nenhuma lembrança de histórias vividas com eles.

O deixei na escola e vim chorando pela rua, contando com a cumplicidade dos meus óculos, que sempre me deixam invisíveis e, por conseguinte, livre pra viver meu momento sem me preocupar com quem passa do meu lado.

E, com uma mistura de sentimentos meio doida, comecei a rir, lembrando da história  dos "arrotinhos" dele. Acho que Pequeno foi o único neto que meu pai participou intensamente dos primeiros dias de vida. Realmente, logo após dar o peito, meu pai o esperava para pegá-lo cuidadosamente e bater nas costinhas com cuidado e amor, esperando que a criatura soltasse seus gases para não ter cólicas.

De repente veio um sentimento estranho, um medinho de que toda essa declaração profunda e sincera do Pequeno fosse uma premonição de algo. Será que meu pai estava bem? Não quis ligar pra minha mãe. Ela iria estranhar, já que nos falamos ontem e notaria apreensão na minha ligação.

Ainda bem que existem os grupos de WhatsApp das famílias. Logo uma mensagem do meu irmão Mimosinho tranquilizou meu coração e me fez ver que nada de premonição ou intuição ... hoje de tarde foi apenas o amor transbordando mesmo, do coração do neto para o coração do vô.

E, mesmo que eu quisesse, não saberia explicar essa relação deles ... é amor e ponto.

2 comentários:

  1. Oi gente,sou o Pequeno. Sinceramente o que eu sinto pelo meu vô é realmente um sentimento de ♡.Mas também gosto da nonna e vó.Mas o vô é uma pessoa que é especial!♡ BJS

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  2. Olá queridos!
    Lido e nada mais a declarar... É amor PURO, incondicional.
    Obrigado por dividir isso conosco.
    Renato Fraga
    OIM - OMB

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