Sabe, filho, ontem enquanto você cortava o cabelo fiquei pensando e refletindo sobre o nosso ano que está quase acabando.
Você sentou na cadeira para cortar as madeixas decidido:
- “Passa máquina 1 (um) aqui dos lados”, disse para a prima Iasmina, nossa cabeleireira predileta.
Na minha petulância de mãe que acha que sabe tudo, gritei da cadeira da manicure:
- “Nicola! E lá tu sabe o que é máquina um?”
- “Mãe! Eu estou decidido. E eu sei o que é máquina um. É assim que eu quero.”
E era assim mesmo que queria. Saiu de lá todo feliz com um corte ainda mais radical.
Quisera eu ter tido neste ano que está findando, a tua mesma segurança, certeza e persistência nas minhas atitudes.
Todo o ano é a mesma história: temos 365 dias para pensar, fazer, organizar. Mas a gente se dedica a isso somente quando o ano já está quase terminando. E daí coloca novas expectativas,
novas metas, novas esperanças, novos sonhos, somados aos já antigos que não atingimos, e deixa tudo para o próximo ano, coitado. Já começa sobrecarregado.
Sabe, Pequeno, não sou muito de acreditar nessas superstições de ter que usar branco, uma peça de roupa nova, cor especifica, pular sete ondas, comer não sei quantas uvas … enfim. Já passamos tantas viradas de ano por esse mundão afora, cada lugar com sua tradição, seus costumes, suas crenças, seu clima. Já passei a virada do ano de branco na praia e, também, de blusão preto de lã no frio. E não saberia te dizer qual ano foi melhor
(ou pior).
Fico pensando em quantos réveillons passarás por aí. Como, quando, onde … e com quem ... ai, ai, ai.
Acredite: todos os anos serão bons. E todos os anos terão coisas ruins também. Assim é a vida. Tudo vai depender do teu ponto de vista e das tuas atitudes.
Este ano, para nós, não foi diferente. Foi ano de alegrias e tristezas. Chegadas e partidas. Momentos alegres e inesquecíveis, momentos não tão bons que a gente fez questão de esquecer
logo. Tivemos muito carinho em família, mas também muitos momentos de discussões (que em 2018 você seja menos preguiçoso com os estudos, por favor!). Tivemos momentos de decepções com você, provavelmente você conosco … mas também momentos de muito orgulho, um orgulho gigante
que quase não coube no peito.
Você, mais que nunca, demonstrou a pressa por ser logo um “pré-adolescente”. E, olha só, que ironia … neste ano realizei sonhos antigos meus lá da adolescência: coloquei aparelho
nos dentes e fiz uma tatuagem. O que quero te dizer com isso? Sem pressa, meu filho. Sempre há tempo para realizar sonhos e desejos.
Neste ano você descobriu o amor (platônico, mas amor - e foi mais de um); tivemos férias em família ; tivemos carnaval (e você ganhou o concurso de fantasias da escola); tivemos muitas pequenices; pela primeira vez você demonstrou sentir ciúmes de doer por mim; você me fez sentir super poderosa; fizemos nossa primeira
viagem longa de ônibus “solitos” – eu e você – uma aventura bem legal; matamos uma saudade enorme acumulada (quase um ano e meio sem ver a família da Itália); redescobrimos Roma com você; visitamos lugares já conhecidos de outrora e descobrimos outros novos e lindos; você foi
aprovado no seu primeiro exame de Cambridge e como foi bom viver com você a experiência do teste, a expectativa pelo resultado e o orgulho de si mesmo que você sentiu com a aprovação. Tantas histórias que ficaram registradas aqui no blog … fora as outras tantas que não escrevi (como a primeira vez que um cachorro te mordeu ou o dia em que você se perdeu no shopping).
2017 foi um ano legal, de uma forma geral, mas cá entre nós, estou numa expectativa tremenda para o 2018. Quero que ele chegue logo e traga consigo todas as mudanças que desejamos. Isso sim, com um friozinho
tremendo no estômago.
Que lindo texto!
ResponderExcluirVc ainda mora na Itália? Achei vc num post do blog da Taty (Ancona). Estou seguindo os vídeos dela no YouTube, pois eu e meu marido pretendemos ir para a Itália no meio do ano fazer o processo de cidadania.
Parabens pelo blog e por esse texto lindo e sincero!
Até mais!Bjs
Oi, Vanessa Cristina!
ResponderExcluirNós moramos 7 anos na Espanha, 3 anos na Itália (meu marido e meu filho são italianos) e há quase 6 estamos no Rio de Janeiro (mas já com saudades da vida no Velho Mundo).
Bem-vinda ao nosso blog! Obrigada pela visita e pelo comentário.
Bjos!