O blog vai acabar?

 Mais de dois meses que não apareço por aqui. Tenho uma lista de postagens  marcadas como rascunho que não foram publicadas. Também tenho escrito posts mentalmente quase todas as noites antes de dormir. Posts que se perderam com o sono e que não foram jamais escritos.

Dia 15 de novembro nosso blog completou 14 anos. Confesso que ultimamente tenho tido muita vontade de acabar com ele. Ou melhor: não tenho tido vontade de escrever. Não falta assunto, histórias, lembranças e relatos pra contar por aqui. Falta vontade mesmo. Falta ânimo. Falta graça.

A vida ultimamente tem estado bem chata. Uma soma de fatores que fazem com que me sinta assim.

Normalmente já fico meio deprê nesse periodo. O frio por aqui traz consigo uma falta de ânimo tremenda. "Quem vê pensa que veio do Norte do Brasil". Eu  sei que o inverno do nosso Sul é bem rigoroso. Mas minha alma é tropical (descobri isso morando no RJ) e ela sofre com os dias curtos, escuros, cinzas, chuvosos e gelados.

Adiciona nesse estado de ânimo (ou de falta dele) que esse foi o ano mais triste da minha vida. Não tem sido fácil lidar com a ideia de que vou passar o resto da minha vida sem ver meu pai. Não falo nem em saudade, porque faz 20 anos que saí de casa e vivo longe deles. 

Nesse tempo aprendi que a saudade nunca, nunquinha, vai embora. A gente simplesmente aprende  a conviver com ela. Saudade do meu pai eu já sentia. Eu agora sinto a falta mesmo. A falta de conversar com ele, de escutá-lo suspirando ao fundo enquanto converso com minha mãe por vídeochamada. A falta do olhinho safado quando dava algum puxão de orelha, do sorriso de canto de boca. A falta de fazer fofoca do neto dele e escutar os melhores conselhos pra ter paciência e saber valorizar o filho que tenho. Assim como a saudade, a falta também dói. Mas a falta que sinto tem me dilacerado. 

Falando no neto do meu pai ... pois é. Também entra o Pequeno na minha falta de ânimo. Além de ter que saber lidar com um filho aborrescente (e, sendo bem sincera, meninos adolescentes são um porre!), estamos lidando com um processo escolar bastante difícil.

Já sabíamos que a escola escolhida por ele (e enfatizo ESCOLHIDA POR ELE) não seria fácil. Mas o que eu não imaginava é que seria tão difícil assim. Sinto tanta raiva do tal de Grego que já não quero mais nem visitar a Grécia :) 

Pequeno girou uma chavezinha de "foda-se" que tem me dado nos nervos. Basicamente todos os dias temos estresses por aqui. Não sei se é um bloqueio interno, se é pirraça, se é raiva, se é preguica ou se são os hormônios da adolescência.  Talvez eu esteja exigindo pra ele um ânimo que eu não tenho capacidade de transmitir. (Trabalhamos com a autocrítica por aqui também)

Tem sido dias bem cansativos pra mim. Cansaço mental mesmo. E esse é difícil de dar jeito.

Mas, quer saber? Não vou acabar com o blog não. Até porque muitas vezes ele me serviu como fuga de escape para meus estresses, minhas raivas, minhas felicidades, minhas risadas ... basicamente uma terapia. Talvez seja isso que também esteja me fazendo falta: compartilhar por aqui o que não consigo verbalizar. Sempre tive muito mais facilidade com a escrita embora ela esteja meio enferrujada.

Respiro fundo e mentalizo que no meio do meu inverno terá um verão, literalmente. E eu não vejo a hora para que esse momento chegue logo.

Daqui a um mês, se todos os deuses do Universo permitirem  (e espero que assim seja! - conto inclusive com os Deuses Gregos - kkkk) estaremos no Brasil. Essa viagem já estava programada há muito tempo. Aliás, seria o nosso reencontro com meu pai, depois de mais de dois anos e meio sem vê-lo.

Eu tive a oportunidade de reencontrar minha família agora quando estive por lá em agosto passado. Estou ansiosa pelo reencontro do Pequeno com eles (aliás, Pequeno já está mais alto que boa parte da família, de `pequeno` tem bem pouco), do reencontro dele com minha mãe e como vai reagir vendo e vivendo a casa sem a companhia do vô.

Vamos matar a saudade de tantas pessoas que compartilham da mesma falta que nós.

Tenho vivido um dia de cada vez, sem muitos planos e sem grandes exigências. Pouco a pouco vou tentando dar conta da minha tristeza, dos meus medos, das minhas neuras e tentando viver em paz até mesmo com os estresses. Embora sinta seguidamente a sensação de estar no fundo do poço.

Mas eu acredito que o fundo do poço não é um lugar feio. É um lugar de autoconhecimento e que exige da gente nada mais e nada menos do que pegar impulso pra voltar pra cima. Não tem escapatória.

Assim vou seguindo, tentando dar conta de todas essas sensações e sentimentos. 

Só que da saudade eu estava acostumada  a dar conta porque tinha a certeza do reencontro. Agora  essa danada da falta ... como que faz com ela?

2 comentários:

  1. Ah! Não me assusta! Continua por aqui sim. A gente ama te ler!
    A danada da falta, acredito eu, vai acabar como a saudade, nunca vai passar, mas a gente vai se acostumar com ela.
    O filho aborrescente é o universo te fazendo pagar pelo que tu e o Nicola fizeram com os pais de vocês! Hauahauahauahauahau... a vida não erra! Lembra disso!
    E para todo o resto, to aqui! Desde sempre e para sempre! Conta comigo, minha xexel!
    O fundo do poço sempre é temporário e, para um mulherão da porra que nem tu, ele tem uma mola, vai te empurrar para muito mais acima do que tu estava! Acredita nisso!
    Te amo!
    Não nos abandona!

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    Respostas
    1. Que que eu fiz pro Universo pra estar pagando esse pecado? Logo eu, um amor de aborrescente que fui kkkk
      Se-nhor!
      Obrigada por sempre estar perto. Eu sempre te escuto lá na beirinha do poço gritando: "Hello! Xexelenta! Tá tudo bem?". :)
      Amo tu, Chuchu!

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