Os 14 anos do Pequeno.

 Há meses Pequeno iniciou os planos para celebrar seus 14 anos. 

(SO-COR-RO! 14 ANOS!)

- "Não precisa de presente! Bem, quer dizer ...  de presente eu quero viajar. Mas é pra um lugar que a gente já conhece. Na verdade a gente foi no ano passado. Mas eu queria voltar lá."

Nem precisamos pensar muito para entender que ele queria celebrar o aniversário numa cidade que ele ama de paixão (não sei qual o motivo, mas a relação dele com essa cidade é algo sem explicação).

Pequeno queria voltar à Florença. Mas desta vez queria ficar hospedado bem no centro da cidade, para curtir cada detalhe e cada cantinho, dia e noite.

Em todas as outras vezes que havíamos turistado por lá, optamos por ficar fora de Florença, pra curtir um pouco das cidades ao redor da capital turística  e, também, pra curtir a paz, tranquilidade e beleza das paisagens da Toscana.

Reservamos hotel e Pequeno, como bom virginiano, já iniciou suas listas de organização da viagem: o que visitar, quando visitar, história do lugar, etc. Quase todo dia era uma atualização nova de roteiro chegando pelo Whatsapp.

Com a minha ida ao Brasil os planos de ir para Florença quase foram por água abaixo. Conversamos com Pequeno e ele entendeu que, talvez, Firenze tivesse  que ficar para uma próxima. Mas o amor pela cidade é tão grande, o planejamento já estava ocorrendo há tanto tempo que, juro, fiquei com peninha, embora Pequeno nem tenha pensado duas vezes em dizer: "se não der pra ir, tudo bem! A gente vai outra vez."

Cancelamos a reserva do hotel mas reservamos outro, porém diminuímos os dias hospedados na cidade.

Voltei do Brasil e precisei fazer  10 dias de quarentena obrigatória, com direito a controle por parte da vigilância de saúde daqui da região onde moro e obrigatoriedade de fazer 2 testes (na chegada do Brasil - mesmo tendo feito teste lá antes de viajar -  e no 10º dia da quarentena). Tudo isso fez com que mudássemos os planos. O décimo dia de quarentena acabava justamente no dia em que partiríamos para Florença. Fizemos alguns pequenos ajustes para encaixar nos dias de férias já reservados pelo marido, um pouco antes das aulas do Pequeno iniciarem. Fiz o teste no dia anterior e naquela tarde saiu o resultado. Com o resultado negativo estava liberada para passear (sempre com um friozinho na barriga  porque, embora o teste tivesse dado negativo, teoricamente ainda era meu último dia de quarentena). Morrendo de medo de ser pega na Toscana, pegamos nossas coisas, green pass e simbora pra estrada.

Ao invés de passarmos quase uma semana por Florença, reduzimos para quatro dias. Porém Pequeno não reduziu os planos: seguia de pé visitar todos os lugares que ele havia planejado com tanto trabalho de pesquisa. Alguns ajustes nos roteiros, mudança nos mapas de trajetos, mas seguiram todos lá.

Chegamos no dia 01 de setembro. A melhor surpresa do dia foi quando Pequeno descobriu que da janela (e era um janelão) do banheiro do nosso quarto, tinha uma vista muito bonita da cidade. Enquanto eu e marido descansávamos as pernas da viagem (de Monza a Firenze levamos umas 3 horas de carro somente mas bota aí na conta o cansaço dos preparativos, acordar cedo e o sedentarismo), Pequeno ficou na janela todo encantado, como se fosse a primeira vez  que estivesse por lá. Acho que nunca nenhum hóspede agradeceu tanto por aquele janelão.

Iniciamos nossa jornada de turistas na Cupola di (o del) Brunelleschi. Morri subindo os 463 degraus mas logo ressuscitei pra curtir a vista linda lá de cima. 

Apesar de já ter ido à Florença umas quantas vezes, foi minha primeira vez na Cúpola. O dia estava lindo (e quente!) e a paisagem da cidade desde lá do alto é realmente muito especial. Vale a pena a visita (pra quem aguentar a subida, claro).


No Palazzo Vecchio fizemos dois tipos de visita. A normal, que todo mundo faz e a visita guiada dos "locais secretos" do Palazzo. Ambas superaram minhas expectativas mas a visita dos locais secretos foi especial. E sim! Pra quem viu o filme Inferno, com Tom Hanks, o teto realmente é de madeira. Claro que no filme (que não foi filmado lá), fizeram algumas adaptações mas reproduziram muitas coisas bastante parecidas com as reais e  lembrava muito das cenas à cada cantinho secreto visitado. Aliás, a nossa guia comentou que o escritor Dan Brown fez várias visitas por lá. Realmente ele se inspirou bastante no local (a máscara do Dante, o possivel anagrama do Cerca Trova no quadro de Vasari, o teto, o Salone dei Cinquecento  ... enfim ...).



Voltamos ao Uffizi também . Ao contrário da última vez, resolvi fazer todo o trajeto (que é longo) bem devagar e prestando atenção em tudo. Segui amando muito mais os quadros do que as esculturas. E dessa vez vimos mais salas (na nossa última vez acho que estavam fechadas).






Tivemos que fazer algumas adaptações nos roteiros do Pequeno. Sinceramente minhas pernas não aguentavam caminhar pela cidade o dia inteiro. Cidade muito cheia, muito quente e um Pequeno sedento de cultura e história. Ele sabia explicar sobre cada lugar, buscava pela cidade mensagens, obras, esculturas ocultas.

A visita interna à Chiesa di Santa Croce foi uma surpresa. Não estava nos planos mas conseguimos comprar entradas na hora  para visitação (em quase todos os locais visitados tivemos que comprar entradas antes, agendar, etc). Um lugar muito especial. Lá estão sepultados, por exemplo,  Galileo Galilei, Machiavelli, Michelangelo, Rossini, dentre outros.




Caminhamos muito pela cidade, tanto de dia quanto à noite. E particularmente à noite a cidade fica ainda mais especial: o calor vai embora, os turistas diminuem, artistas pela estrada tocando e cantando. A verdade é que não dava nem vontade de voltar para o hotel. 




Nos divertimos muito, apesar de que eu e marido nos demos conta de que não temos mais idade para turistar frenéticamente por aí. Mas cada olhar de encantamento, cada explicação eufórica do Pequeno, cada olho brilhando fez com que valesse a pena cada dor nas pernas. 













Nosso último dia foi na Galleria dell'Accademia. Me reencontrei com a estátua de David. Para marido e Pequeno foi a primeira vez. Na verdade, pra mim também foi como se fosse a primeira vez. Fiz questão de ficar sentada bem pertinho da estátua e somente então pude perceber que aquela obra é realmente incrível. Cada detalhe minucioso me fez ficar imaginando o trabalhão que Michelangelo teve fazendo aquela escultura. Depois Pequeno veio me contar os detalhes (e muitos eu desconhecia). Então fiquei mais alguns bons minutos admirando a obra novamente, cada veia minuciosamente esculpida, cada músculo, o detalhe da coroa roubada (ou destruída) dos cabelos, a expressão captada no olhar, a intuição do movimento. Virei fã do David! Gamei mesmo! A escultura era a mesma que conhecia mas desta vez meu olhar estava diferente e pude perceber detalhes e ter sensações que naquele então, quando a vi pela primeira vez,  não tive.



Sendo bem sincera, relutei um pouco quando Pequeno escolheu Florença como destino da viagem de aniversário. 

- "Ah, não! Que saco! De novo?", essa foi basicamente a minha resposta.

Poderíamos ir para algum lugar novo, que não conhecíamos, uma nova paisagem. Quem sabe algum lugar de praia para aproveitar o finalzinho do verão? Lago? Montanha?

Mas acabei vendo Firenze com outros olhos e voltei pra casa encantada e pensando que, talvez, a gente volte por lá em breve. Tem muita influência da paixão que Pequeno tem pela cidade. Acaba contagiando, mas Florença realmente é um lugar especial.

Até porque o destino se encarregou de deixar algumas coisas pendentes. Por exemplo, o Palazzo Pitti, o Piazzale Michelangelo e o Marcello que estava viajando de férias e atrasou os planos de update artístico do Pequeno.

Opa! Não sabe quem é Marcello? Então lê aqui.

Tivemos que antecipar a volta por conta dos compromissos do Pequeno que no dia seguinte tinha passeio de bicicleta com o grupo de jovens da igreja. Acabamos voltando bem no dia do aniversário dele, que foi devidamente celebrado na noite anterior.



Pequeno voltou pra casa feliz, contente, realizado, mais velho e cheio de planos pra próxima visita à cidade tão amada e rica de cultura e história.

Virginiano, sabe? Já se encarregou de não deletar a lista com os roteiros pendentes. Aguardemos os planos para o dia 04 de setembro de 2022 ... 








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