O verão nem tinha chegado ... e já tinha quase acabado.

O último dia de aula do Pequeno foi no dia 08 de junho.

Pela primeira vez de toda sua vida escolar, não foi o dia mais feliz. Não saímos para comemorar, nem teve jantinha especial. Na verdade, nada de surpresas. Aconteceu o que já estávamos esperando: Pequeno ficou de recuperação, com pendência. E como se não bastasse, ficou com pendência em duas disciplinas, as principais da escola que ele escolheu fazer.

Foi um ano escolar bem difícil, muito difícil pra falar a verdade, custou boa parte do nosso tempo, do nosso dinheiro (precisou e ainda precisa de aulas particulares), da nossa saúde e afetou até mesmo o ambiente familiar.

Precisamos crescer e amadurecer juntos como família, precisamos pensar e repensar escolhas, atitudes. Não foi e não está sendo fácil tentar entender a cabeça de um filho adolescente. Mas seguimos na luta. Firmes, não tão fortes, mas seguimos.

Semana que vem iniciam as aulas de reforço na escola. Aqui funciona assim: fazem mais ou menos 1 mês de aulas de reforço presenciais na escola (bem feito! Esse é meu lado malévola falando alto ... sorry!). Depois algumas semanas de estudo individual pesado e logo, com data ainda a ser definida mas possivelmente final de agosto início de setembro, as provas de recuperação (provas orais e escritas - bem feito, de novo!). Logo inicia-se (na segunda semana de setembro) o novo ano escolar. Ou seja, férias mesmo praticamente nada. (e só não digo bem feito de novo pra não ficar chato o negócio ...)

Pequeno deu mole - muito mole! Não encarou essa nova etapa de escola com a maturidade e responsabilidade necessárias. O resultado não poderia ter sido diferente. Acho mais do que justo ele ter ficado de recuperação e acharia muito justo, inclusive, se ele repetisse de ano. (conseguiram perceber o meu rancor?)

Mas, enfim ... poderia escrever muitos parágrafos descarregando minha ira (esse tema de estudo mexe muito comigo), meus ressentimentos, minhas dúvidas e até mesmo minha parcela de culpa em toda essa história. Mas prefiro pular logo pra parte das pequenas férias que tivemos.

Além de toda a questão do Pequeno, nesses últimos meses tivemos muitos estresses com outras coisas (porque nossa vida não gira somente em torno a ele), muitos problemas para resolver (e os que ainda estão por vir). Pequeno sem ter férias  de verão, marido que não  pode tirar férias  em determinado período  na empresa. Ou a gente viajava rapidinho, pra perto (por conta do pouco tempo) agora ou não  viajava mais.

Pesquisando de última  hora, marido encontrou um lugar que ainda não conhecíamos  (uma das minhas exigências era essa - queria conhecer um lugar novo), não muito longe, poderíamos ir de carro. Não foi o estilo de férias dos meus sonhos, mas foram as férias que precisávamos, todos, naquele momento: uma semaninha em um hotel, na praia.

Outras das minhas exigências (sim, sou bem exigente): não queria cozinhar e nem ficar turistando por aí. Queria fincar meu pé na areia e, no máximo, sair dali para comer. E assim foi.

Fomos para o litoral da Toscana, na região da Versilia. Não é o litoral italiano mais bonito, mas não estava mal. Praia de areia (aqui tem muita praia de pedra), mar relativamente calmo, água limpa (não cristalina como o litoral do Sul da Itália, por exemplo, mas ainda assim limpa) e mar quente (coisa não muito positiva também, porque é o habitat perfeito para as mães-d'água).

Passamos a maior parte do tempo na Marina di Pietrasanta. Num dia fomos até a cidade de Pietrasanta (a parte antiga da cidade  fica um pouco mais afastada da parte litorânea - uns 3km acho), uma cidade muito bonitinha, cheia de obras do Botero (que tem uma ligação especial com o local).

obras no Museo dei Bozzetti

Duomo di Pietrasanta

No penúltimo dia deixamos a praia de lado e fomos passear um pouco: aproveitamos que estávamos perto e fomos conhecer a cidade de Lucca. Ainda não a conhecia e fiquei encantada com a cidade. Apesar do calor, caminhamos alguns quilômetros e a cada esquina ficava encantada com a arquitetura, as praças, a história da cidade. Ficou pendente passear pelo muro. Da próxima vez quero voltar com tempo para conhecer bem cada cantinho de Lucca.

Aproveitando que também estávamos perto (aquela coisa de 'já que estamos ...'), demos um pulinho até a cidade de Pisa. Da última vez que visitamos a cidade, Pequeno ainda era pequenino (quase redundância) e tinha praticamente nada de memória registrada. Desta vez, ao contrário das tantas vezes que havíamos visitado o local, não nos limitamos somente à Piazza dei Miracoli, onde fica a famosa Torre di Pisa. 

Resolvemos dar uma caminhadinha pela cidade. E a verdade é que também me surpreendeu positivamente. Pisa vai muito além da solita foto fake tentando segurar a torre. Vale a pena caminhar meio que sem rumo e se perder por seus vicolos.

Pequeno queria porque queria conhecer a casa onde nasceu Galileo Galilei. Depois de caminhar uns quantos quilômetros finalmente chegamos ... e descobrimos que ali, hoje, funciona uma imobiliária, para decepção do Pequeno. 

Já estávamos voltando meio decepcionados (e nos sentindo um pouco otários de ter caminhado uns quantos quilômetros debaixo do sol ardendo) quando Pequeno decidiu voltar e falar com o pessoal da imobiliária. (???) ... coisas de Nicola! Segundo ele, o moço da imobiliária explicou que a casa verdadeira do Galileo havia sido bombardeada. Sobraram poucos resquícios originais (um deles o moço mostrou para Pequeno).

Passamos 7 dias de relax, descanso, muito mar, sal, sol, vinho, prosecco, spritz, passeios de bicicleta, piscina, pôr do sol coisa mais linda desse mundão e, inclusive, uma lua de morango coisa mais inesquecível dessa vida.

Relaxei tanto mas tanto que nos últimos dias já queria voltar pra casa :)

Triste pensar que teremos um longo verão pela frente e que não aproveitaremos praticamente nada dele.

Bom, quer dizer ... quem sabe a gente dá um jeitinho?!