Ciao, Madrid!

Dividimos nossos dias em Madrid entre um pouquinho num hotel em plena Gran Via e, os últimos dias, na casa de uma amiga nossa.

O primeiro passeio foi na Puerta del Sol. Queria ver ao vivo e a cores o protesto dos "indignados".

Incrível como o povo se organizou. Tinha até algumas barracas com provimentos (comida, pão, água, etc). Só que no meu ponto de vista, a coisa tomou tal dimensão que o objetivo principal do protesto começou a se perder um pouco. Mas, mesmo assim, admiro ao povo que tem ânimo e coragem de colocar a cara pra rua, levantar o braço e sem medo e sem preguiça fazer ver que não estão de acordo com tudo.

Passeamos por quase todos os lugares que havíamos planejado, sobretudo aqueles que tinhamos mais saudade.

Foi muito legal voltar com o Pequeno em todos os lugares que marcaram a minha história e a do Papai. Achei engraçado o Papai que explicava pra ele cada lugarzinho "nosso": "olha, foi aqui que nos vimos pela primeira vez ... nesse bar viemos algumas vezes ... nessa praça ficamos conversando quase que a noite inteira". Pequeno só dizia: "sim? é?" ... pena que da história mesmo ele não tenha entendido quase nada.

Aproveitamos pra reencontrar nossos amigos. Papai retornou no antigo local de trabalho pra matar um pouquinho da saudade dos companheiros. Andamos muito. Passeamos no Parque do Retiro. Visitamos a feira do livro em companhia de uma amiga. Fomos jantar na casa de outra amiga que fez uma festinha e assim pude reencontrar muita gente.

Pequeno brincou. Correu. Cansou. Ficou brabo. Fez festa. Fez greve de fome. Dormiu muito.

Aproveitamos também para fazer algo que jamais havíamos feito, um passeio que sempre deixávamos 'pra depois': fomos visitar o Museu Reina Sofia. Por acaso, chegamos lá e descobri que havia uma exposição de uma artista que, desde que vi uma reportagem sobre ela aqui, fiquei louca de vontade de conhecer o seu trabalho: Kusama. Uma japonesa que iniciou lá pelos anos 40, descobriu novas técnicas, é pintora, escultora, escritora ... e maluca. Ela mesmo se internou num centro psiquiátrico ... aliás, tá internada até hoje. Eu ganhei o dia só em ver os quadros e obras dela.

Também gostei de ter visto ao vivo e a cores o Guernica, do Picasso. Mas, o mais interessante, foi o momento em que, nós três (e mais um bando de pessoas) estávamos na frente daquele quadro enorme e o Pequeno solta:

- "Mas por quê tá todo mundo gritando ali?"



imagem Google.com



Fiquei orgulhosa dele, que entendeu o espírito da coisa.

Adorei nossa viagem. Matei muitas saudades e, óbvio, voltei com novas na mala. Mas, sobretudo, apaguei uma nuvenzinha chata que sempre pairava pela minha cabeça... a dúvida de se havíamos tomado a decisão certa, já que morria de saudades de lá. Fui pra lá e fiquei com saudade daqui. Complicado isso, não? A verdade é que não muito ... a resposta é simples: lá não era nosso lugar. Fomos felizes, construímos um início de vida muito bom. Mas, agora, nosso momento é aqui. Nossa vida está aqui, nossa casa está aqui e aqui temos um pouco de família. Isso, pro bem-estar do meu Pequeno, não tem preço.

Madrid ficará pra sempre no nosso coração. Será sempre um prazer retornar lá para passear, rever amigos, relembrar nossos momentos, conhecer lugares novos, etc.

Só espero que nosso próximo retorno não demore outros dois anos  e meio :)

Aos amigos de Madrid que passam por aqui: obrigada pelo carinho!

Aos amigos que não deu tempo de reencontrar (ou conhecer, no caso da Anlene): nosso tempo foi muito corrido, mas da próxima vez nos vemos!

E à família e amigos que não são de Madrid, mas passam por aqui: morri de saudades de vocês! Estou feliz em retornar e "senti-los" pertinho outra vez!