O Primeiro Amor Platônico.

Era uma vez um menino, de mais ou menos uns 9 anos. Um dia, estava em casa se preparando para sair com sua mãe. Como fizera ultimamente, o menino escolhera a roupa que vestir com todo o luxo de detalhes: a camiseta combinando com a bermuda, que combinava com o tênis. A meia, como sempre, bem esticadinha, no estilo look de turista. Cabelos cuidadosamente penteados.

O menino analisava seu visual no espelho. Mas havia algo dentro do seu coraçãozinho que não o deixava em paz. Uma coisa diferente, estranha, que ele precisava dividir com alguém. Resolveu, então, desabafar com sua mãe.

- "Manhê! Vem aqui!", gritou do quarto.

Ao chegar no quarto, a mãe primeiro pediu para que baixasse as meias, logo percebeu no rostinho dele uma expressão que misturava ansiedade, tristeza, vergonha.

- "Que houve?", perguntou.

- "Ow mãe! Preciso te falar uma coisa."

- "Fale."

- "Sabe aquela série que eu gosto de ver,  School of Rock?"

- "Aham."

- "Então, mãe - nesse momento brotaram tímidas lágrimas dos olhos  do menino - sabe a protagonista, aquela menina que canta e toca guitarra? Eu tô apaixonado por ela". O menino não aguentou tamanha mistura de sentimentos e desabou a chorar ...

- "Judiaria! A primeira dor de amor do meu filho!", disse a mãe.

A primeira reação foi sorrir, ela achou "bonitinho" e engraçado aquele momento, apesar do evidente sofrimento da sua criatura. A segunda e quase  que imediata  reação foi abraçá-lo.

Ele prosseguiu:

- "Mãe! Como vou fazer? Ela mora nos Estados Unidos ... ou Londres ... sei lá  onde ... mas é longe."

Então a mãe sentou na cama com o filho, pegou em sua mão e quando percebeu que de tanto chorar ele até soluçava - ou seja, a coisa era séria mesmo - resolveu  conversar mais calma e atentamente.

Disse que, em primeiro lugar, todo mundo (ou quase todo mundo) já tinha passado por isso alguma vez na vida: gostar de um ídolo, gostar muito, muito mesmo. Contou para o filho que uma de suas grandes paixonites quando tinha mais ou menos a idade dele (na verdade um pouquinho mais, o  menino saiu precoce!), foram os Menudos.

" Por eso baila, salta, grita, oh oh 
                                no te reprimas, no te reprimas ... "

Explicou quem eram, até cantarolou algumas músicas e reconheceu que até hoje tinha uma quedinha pelo Rick Martin. Contou que depois que passou essa fase, foi apaixonada por  um integrante da banda New Kids On The Block.

"step by step, uh baby ... 


Cantarolou de novo. Nessa altura,  o filho a olhava meio incrédulo, com os olhinhos vermelhos e lacrimejantes, sem entender a euforia da mãe.

- "Mãe! Ela é mais velha do que eu ... deve de ser uns 3 ou 4 anos mais velha.", inistiu ele com tom de tristeza.

Então a mãe precisou deixar as bobices que insistia em fazer para que seu menino não sofresse tanto e conversou sério de verdade.

Explicou que a primeira coisa que ele deveria ter em conta era que aquela menina era uma atriz, que ela representava um papel, numa história de ficção, que nada daquilo era real. Disse que mesmo que fossem vizinhos, conhecidos ou amigos daquela menina, ela seria bem diferente na vida real. Disse que era absolutamente normal ele sentir esse "sentimento estranho" por um ídolo, mas que precisava saber que era apenas uma ilusão. 

O olhar dele passou a ser de decepção.

Sobre a diferença de idade, explicou que isso não seria um problema. Que amor de verdade não tem idade, mas que disso ele se daria conta mais adiante. Até citou exemplos que tinha em sua família.

Ele a abraçou, sorriu meio encabulado e pediu que não contasse a ninguém. A mãe prometeu guardar segredo, menos para seu pai. Disse que entre os três não poderia haver segredos, que um precisava confiar no outro.  Ele concordou, mas pediu que conversassem mais tarde, talvez  na hora do jantar, num momento mais tranquilo.

A mãe achou a coisa mais amada desse mundo o sofrimento dele pelo primeiro amor platônico e foi para  Google pesquisar sobre sua utópica nora :) 

"Breanna Nicole Yde (Sydney11 de Junho de 2003) é uma atriz e cantora australiana. Ela é mais conhecida por interpretar Franciesca "Frankie" Hathaway na série da NickelodeonThe Haunted Hathaways." (fonte: Wikipedia)

Na série School of Rock ela é a Tomika.

- "O danadinho tem bom gosto!", pensou a mãe.

Por quantos momentos de decepções amorosas ele iria passar? Logo ele, o menino mais sensível desse mundo. Ficou pensando que seria uma sogra bem cascavel, jararaca mesmo - peçonhenta - ai de quem fizer seu filho sofrer!

E, refletindo consigo mesmo, deu até um friozinho no estômago em pensar que logo - essa droga de tempo que passa voando - as paixonites deixarão de ser platônicas e passarão a ser reais. Ela teve vontade de sentar na cama e começar a chorar também.

Como sofrem essas mães ...

P.S.: uma história que "deve de ter acontecido por aí", em algum lugar ... (psiu! Eu prometi que não iria contar pra ninguém) ... :)

Um comentário:

  1. Ele tem que entender que, quando acontecer de verdade, nada vai impedir o encontro.
    E eu poderia contar uma estória de uma irmã caçula que nunca iria imaginar que sairia de Porto Alegre para encontrar seu amor italiano em Madrid!
    O importante é ter o amor no coração, pronto para o "grande encontro". Quando e onde? Só perguntando para Deus.
    Beijos. Fiquem com Deus.

    Tio Beto_57

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