- "Mãe! Tu tava viva na época da ditadura militar?"
- "Nasci em 78 ... acabou em 85. Tava."
- "E tu tava viva quando o Grêmio foi Campeão do Mundo, né?!"
- "Foi em 83 ... estava viva sim ... ou melhor, já tinha nascido."
- "Que sorte que tu teve, né? De ter nascido nessa época ..."
Não deu nem meio segundo ... e ele seguiu. Parou o tempo suficiente pra respirar:
- "Tu sabe que o tiro que deram na Malala entrou assim na cabeça e desviou, tipo, indo em direção lá pra baixo?" - disse ele fazendo com os dedos o possível trajeto, da cabeça em direção ao pescoço.
- "Não. Não sabia da trajetória da bala. Triste, né?!".
- "É. Mãe! Tu seria capaz de perdoar alguém que tivesse tentado te matar?"
- "Ah, meu filho! Não sei te responder." Eu juro que queria ser politicamente correta, dizer pra ele que precisamos perdoar sempre ... mas prefiro ser sincera.
- "Eu acho que não, mãe! Acho que eu não perdoaria. Imagina ... perdoar alguém que tentou acabar com minha vida? Se bem que ... no ano passado perdoei o meu colega que me jogou lá de cima do brinquedão da escola. Lembra que eu caí de lá? Eu poderia ter morrido ... mas só machuquei o queixo ... e perdoei ele."
Todos esses questionamentos e filosofias de vida não duraram mais do que 3 minutos, enquanto estávamos atirados no sofá assistindo tv.
Eu "tava" viva em 83, 85 ... mas experiência de vida mesmo, é a que estou tendo agora.
Oh que coisa mais linda!!! ������
ResponderExcluirVerdade! Não tem experiência maior que as surpresas que nossos filhos nos causam ao se mostrarem espontaneamente, como são de verdade. ����������