Pequeno foi descoberto.

Recebemos em casa, pelo correio, uma cartinha da  "Direção de Serviços Territoriais de Vacinação", um departamento da secretaria de saúde daqui de Monza, "convidando" os pais do menor Nicola a apresentarem perante este departamento a carteira de vacinação do Nicola, com a finalidade de  verificarem se ele estava em dia com suas respectivas vacinas.

Aqui, como no mundo todo (creio), gira uma polêmica muito grande com respeito à vacinas. De um lado os pais que optam por vacinar seus filhos e, de outro, os pais que tem optado por não vacinar as crianças. Não vou entrar em discussão à respeito, até porque me faltariam argumentos e conhecimento de ambos os lados para debater. Desde sempre optei por dar todas as vacinas necessárias ao Pequeno. Opção nossa como pais, sempre respeitando as demais opiniões, mas sempre atuando de acordo com nosso pensamento.

Pois bem ... por sempre "ter dado todas as vacinas necessárias" acabou que a carteira de vacinação do Pequeno virou uma bagunça. Explico melhor nos parágrafos seguintes.

A primeira caderneta de vacinação do Pequeno foi a espanhola. Quando ele nasceu, recebeu no hospital um livrinho onde constava todos os dados pessoais dele e dos pais, assim como todos os dados a respeito do seu parto. Ali, também, havia um espaço para anotação das vacinas. 



Quando viemos a primeira vez para a Itália, em Roma, fizeram uma nova caderneta para ele (que de caderneta não tinha nada, era uma simples folha), onde organizaram as vacinas já dadas na Espanha e adicionaram conforme os anos correspondentes as vacinas que ele foi recebendo aqui na Itália. A "caderneta" de vacinação era esteticamente feia de se ver (gostava tanto do livrinho!), mas estava organizada e em dia de acordo com o calendário de vacinas da Itália.

Quando chegamos ao Brasil, Pequeno precisou tomar uma vacina que pelo calendário do Brasil deveria tê-la tomado ainda bebê, mas que havia sido abolida há muito tempo nos calendários de vacinação aqui da Europa. Comentei sobre isso nesse post aqui.  Pois bem, depois disso, o calendário de vacinas dele seguiu em dia e foi tomando as vacinas correspondentes de cada ano e cada fase.

Antes de virmos embora novamente para a Itália, aproveitei para dar algumas vacinas que não eram dadas no posto público, mas que nosso plano cobria. A única vacina que ficou faltando e que optei por não dar  foi a vacina contra hpv. Resolvi esperar para ver como funcionava aqui, se era ou não recomendada.



Então que, nuns dois dias após receber a cartinha, resolvi ir no posto daqui, levando Pequeno junto. Caso precisasse colocar algo em dia, seria mais fácil.

Pequeno não foi muito contente. Aliás, já saiu reclamando desde casa (quando era bebê nunca reclamava. Foi só virar pré-adolescente e, pronto ... chatice mode on):

- "Por que a gente tem que ir nesse lugar? Eu não vou tomar vacina nenhuma!"

- "A gente tem que ir porque nos chamaram. E se tiver que tomar alguma vacina, vai tomar sim."

- "Poxa!"

Chegamos e esperamos bons minutos. Pequeno com cara de poucos amigos. Me olhava e dizia baixinho:

- "Eu não quero tomar vacina."

Na trigésima vez que ele resmungou a mesma frase, disse que parasse de "torrar a paciência", que tinha quase certeza de que ele não precisava de vacina nenhuma, apenas tínhamos que apresentar os papéis para que eles vissem que estava tudo ok.

Quando finalmente fomos chamados, entramos os dois para conversarmos com as enfermeiras. Mostrei a cartinha que havia recebido e dei as respectivas cadernetas e folhas de vacinação. Pedi desculpas pela bagunça e expliquei a situação. A princípio estava tudo ok, mas pediram para fotocopiar as cadernetas para, mais tarde, verificarem tudo com calma. Naquele momento estavam com problema no sistema interno e não podiam fazer tais verificações. Pediram e-mail e telefone, me disseram que se tudo estivesse ok enviariam um certificado por e-mail e que se precisasse atualizar alguma vacina, eles avisariam.

Pequeno, já com cara de aliviado, estava se despedindo educadamente das duas enfermeiras que nos atenderam, quando uma delas disse:

- "Ah! Vamos ligar também para marcar um dia para ele vir tomar a vacina contra hpv, pois estamos marcando para todos nascidos em 2007."

Eu deveria ter filmado a cara dele. Me olhou de canto de olho e, quando saímos da sala, me disse:

- "Eu falei! Não era pra ter vindo!"

Dois dias depois recebi o e-mail com a confirmação de que estava tudo ok com seu calendário de vacinação e, no mesmo dia, me ligaram para marcar a data e horário para a vacina.

Tem coisas que eu detesto da burocracia italiana. Mas tem outras que eu adoro. Pequeno, bom ... ele nem tanto ...

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