Homenagem ao Meu Pai: Pancasso, o Nosso Garoto!

No nosso último dia no Brasil vivemos um momento bem especial.

Meu pai - que faleceu em julho de 2021 - sempre foi uma pessoa envolvida com o futebol. Arrisco inclusive a dizer que o futebol era a sua vida: era o que lhe dava energia, felicidade e vitalidade.

Eu nasci com meu pai já jogando e posteriormente treinando times de futebol. Primeiro em Porto Alegre, minha cidade de nascimento. Logo em Osório, a cidade que eu e minha família adotamos como nossa.

Cansei de nos finais de semana assistir a jogos dos times do meu pai. Lembro com saudade e carinho os domingos no morro da Borrússia, as gritarias da torcida e do meu pai sempre concentrado nas suas táticas de jogo.

Depois que fui embora do Brasil, meu pai além de treinar times de futebol, passou a colaborar como voluntário numa escola de futebol para crianças. Ao invés de no turno livre ficarem por aí fazendo sabe-se lá o quê, alguns alunos de uma escola pública da cidade (que cedeu o espaço para a escolinha de futebol), passaram a ter aulas com o "professor" Pancasso.

Meu pai exigia algumas coisas que, para ele, eram fundamentais: bom rendimento escolar, disciplina e respeito. Vira e mexe dava puxões de orelha que logo rendiam elogios por parte dos pais dos alunos (o que muitas vezes deixava meu pai emocionado).

Em 2013 meu pai  teve câncer no pulmão. Passou por um longo tratamento de quimio e radioterapia. Nem seu próprio médico soube explicar muito bem mas meu pai se curou (eu atribuo sua cura à junção de uma boa medicina misturada com muito de fé, orações e boas energias que recebemos de todos os lados). Lembro com carinho e gratidão quando a profe do Pequeno lá no Rio de Janeiro se despediu de mim emocionada numa das minhas idas à Poa e disse que orava por meu pai. 

Deu certo! Porém meu pai ficou com os rins comprometidos. Precisou fazer hemodiálise durante muitos anos, três vezes por semana.

Muitas (diria inúmeras) vezes eu e meus irmãos  nos estressamos com "nosso garoto". Sobretudo quando ele insistia em ir pra beira de campo de futebol com chuva e frio. Morríamos de medo de uma pneumonia, por exemplo.

Mas ele, bem birrento, muitas vezes saìa escondido para acompanhar os jogos. Como disse, o futebol era o combustível que lhe dava vida.

Com a saúde debilitada  precisou abandonar a escolinha (o que pra ele foi muito triste). Precisou abrir mão  do compromisso que tinha como treinador. Mas sempre que podia (e quando não podia também) se fazia presente pelos campos de futebol da cidade ou nas cidades vizinhas.

Estar ali no gramado ou na arquibancada dava vida ao meu pai. Ele respirava e vivia futebol. Foi neste âmbito que ele teve muitas conquistas e fez grandes amizades. Amigos fiéis que estiveram ao seu lado até o último momento.

Por ter sido uma pessoa tão participativa na sociedade da cidade de Osório (cidade que ele escolheu como sua - ele ganhou o título de Cidadão Osoriense), no ano passado, por petição de dois vereadores amigos de meu pai, por unanimidade a Câmara de Vereadores da cidade de Osório atribuiu uma homenagem ao nosso garoto: dar o seu nome à um ginásio de esportes da cidade.

O Ginásio A da Vila Olímpica de Osório passou a chamar-se Ginásio Valdemir Luiz Barbosa Fraga (Pancasso). E a cerimônia de inauguração da placa com seu nome foi no dia 03 de janeiro passado.




Reunimos família e amigos para homenagear ao meu velhinho que, tenho certeza, ficou muito feliz e orgulhoso pela homenagem recebida.




Deixo abaixo um texto que publiquei no Instagram no dia da inauguração.


Na minha procura por tentar entender e sobreviver com a dor do luto,  li em algum lugar uma coisa que dizia mais ou menos assim:

Nós temos 3 mortes.

A primeira é ainda em vida, quando por estresses, problemas, angústias, cansamos da vida e desistimos de viver.

A segunda é a morte de fato. Essa que é a única certeza que temos desde o momento do nosso nascimento. Não se sabe quando, não se sabe como ... mas a gente sabe que  um dia a gente morre.

A terceira morte acontece quando a última pessoa que se lembra da gente morre também. Ali acaba a nossa história. Com a 'morte' da última lembrança morremos para todo sempre.

Por isso, por exemplo, os mexicanos celebram com festa o Dia de los Muertos. Fazem questão de manter viva a memória dos seus entes queridos que partiram.

Porém, existe um seleto grupo de pessoas que, por algum feito (mais ou menos influente) ficam com seus nomes gravados pra sempre, nos livros de História, pessoas que dão nome à ruas, praças, prédios, etc. Essas pessoas, apesar de terem partido, ficam 'pra sempre', eternizados.

O meu muito obrigada à Câmara de Vereadores da cidade de Osório por permitir que meu pai siga presente na comunidade que ele tanto amava.

O ex Ginásio A, hoje Ginásio Valdemir Luiz Barbosa Fraga (Pancasso) acalenta o meu coração e o da minha família.

Nosso garoto, esteja aonde estiver, deve de estar sentindo um baita orgulho. Talvez só não maior do que o nosso. 💙



5 comentários:

  1. Lindo amiga!! Fiquei emocionada 🥹❤️

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  2. Acabei de chegarem Gramado e não resisti a leitura,quando vi que tinha POST novo. Sabia que iria me emocionar, mas não aprendo hehehe Lá vou eu sair com os olhos ardendo do protetor solar heh
    Emocionar ler estes relatos. Conheci seu pai há quase 20 anos Em 2005, jamais o esquecerei. Que lindo ter um pai de quem se orgulhar e celebrar boas memórias construídas.
    Bacciones Bella amica, onde ele estiver, está feliz por tudo que construiu e deixou indelével nas mentes e corações de todos que tivemos o privilégio de cruzar com ele nessa vida.
    Amei
    Meu carinho
    aLa Mantequilla

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    Respostas
    1. ❤️ Obrigada, Rose querida!
      (me desculpe, mas morri de rir com o "olhos ardendo do protetor solar" ... kkkk judiaria!)
      Bjos, Bella Amica!

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  3. Olá querida e queridos! Tudo descrito é a mais pura verdade e a emoção do momento é recheada de alegria e orgulho. Nosso "" Garoto"" está radiante, onde estiver, e a nossa família e seus amigos, é o grande legado do Professor Pancasso.
    Renato Fraga
    OiM OMB

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