Era mais ou menos julho de 2003. Madri, Espanha.
Espera! Antes de iniciar o #Tbt em si, preciso contextualizar parte da história.
Eu tinha um vestido branco que amava. Mas como todo vestido branco, curto e bem justinho, não conseguia usá-lo muitas vezes. Na verdade, acho que o usei em duas oportunidades (uma num Ano Novo e outra que não lembro mais).
Eu sou mão-de-vaca desde sempre. Desde que me entendo por gente dou um jeito de reaproveitar tudo. Poderia usar várias desculpas politicamente corretas para essa minha mania. Mas a razão principal é não gastar dinheiro. Pequeno mesmo, quando era pequenino, teve várias calças que viraram bermudas (ou porque rasgou, ou porque cresceu), tip-tops que cortei os pés e viraram calças, pijamas que viraram fantasias ... e por aí vai. O que a gente não doa a gente reaproveita.
Percebi, então, que apesar de gostar muito do vestido ele não estava tendo tanta utilidade assim pra mim. Ao mesmo tempo, estava precisando de uma blusa branca para sair.
Aham! Exatamente: cortei o vestido e ganhei uma blusa. Ficou sem fazer a barra mesmo. Nao tenho dotes para estilista mas tenho cara-de-pau suficiente para sair com uma blusa meio desfiada (moda, ué?!).
Pois bem ... Madri, julho de 2003.
Eu e meu Amore estávamos no início do nosso namoro. Naquela fase boa em que a gente se encontrava todo o final de semana para sair por aí, sem muitos planos, sem hora e sem rumo. Jovens, sabe?!
Naquele final de semana havíamos combinado de sairmos na sexta-feira pois ele tinha viagem marcada para a Itália no sábado cedinho. Depois de algum tempo sem rever a família ele contaria para os pais que estávamos namorando. Naquele tempo não existia Whatsapp. Videochamada então ... era coisa de outro mundo. Ele falava com a família por ligações telefônicas sempre muito rápidas e queria contar a boa nova pessoalmente, com calma.
Combinamos de nos encontrar no terminal de ônibus de Moncloa. Eu morava fora de Madri, em uma cidadezinha chamada Majadahonda (o nome é estranho, mas a cidadezinha é legal). O ponto final do ônibus que costumava pegar era ali em Moncloa (pertinho de onde fica a sede do Governo). Meu Amore me esperaria ali e logo decidiríamos o que faríamos depois.
O look do dia escolhido foi uma calça jeans e meu ex vestido agora blusa branca.
Nos encontramos no terminal de ônibus e decidimos ir a pé em direção à Gran Via. Uma bela de uma caminhada. Perfeito para quem não tinha nada o que fazer, apenas compartilhar da companhia um do outro.
Na parte de cima do terminal de bus, ficava o Quartel Geral da Aeronáutica espanhola. Portanto uma zona que, apesar de bastante transitada, era supostamente bem protegida (segura).
Quando estávamos bem na frente do prédio do Cuartel General del Ejército del Aire, passando bem na frente dos soldados que faziam a guarda, enquanto conversava com meu recém estreado namorado, com minha recém estreada blusa (ex vestido), contando as novidades da semana, avistei um moço meio estranho, falando sozinho, num estado de aparente embriaguez, vindo em nossa direção.
Em determinado momento o olhar do moço fixou no meu. Em questão de segundos, pouquíssimos segundos, tanto que meu Amore nem se deu por conta e eu não tive a mínima oportunidade de reação, o moço veio pra cima de mim. Falou algo que não entendi, meteu a mão por dentro da minha blusa e agarrou meu peito.
Naquele momento eu percebi que estava falando espanhol fluentemente. Saiu uma série de palavrões e insultos em espanhol. Palavras que eu nem sabia que já conhecia (eu estava morando na Espanha fazia uns 8 meses).
Meu recém estreado namorado empurrou o cara, o chutou e colocou os braços em posição de ataque, na verdade em posição de luta. Na mesma hora lembrei que no dia seguinte ele iria para a casa dos pais e contaria que estávamos namorando. Já o imaginei chegando todo arranhado, marcado de soco, explicando que havia brigado por minha causa. Não por nada em especial mas aquela cena absurda nem combinava com meu Amore. Apesar do pouco tempo juntos sabia que ele era da paz e dava para perceber nitidamente que talvez ele nunca tivesse brigado em sua vida.
- "Eles vão me detestar!". Só isso que ficava na minha cabeça. Minha sogra me detestaria, com certeza.
Tudo isso pensava enquanto um chutava o ar de cá, o outro cambaleava de lá.
Olhei para o lado e vi o soldado que estava de guarda assistindo aquela cena ridícula de camarote. Na hora olhei desesperada e gritei:
- "Vocês não vão fazer nada?"
Claro que eles não iriam fazer nada. Estavam ali para salvaguardar a área do quartel. Não os malucos que brigavam na rua.
O tarado bêbado não se aguentava em pé. O insultei mais algumas vezes e logo consegui apartar o namorado que, felizmente, não tinha nenhum arranhão.
Essa história, que hoje conto como um momento 'engraçado', na verdade foi bem constrangedora. Eu fiquei com vergonha, como se a culpa tivesse sido minha, me senti humilhada, suja, vexada, com raiva e responsável por ter colocado meu Amore naquela situação (até mesmo de risco, porque vai saber quem era o maluco e o que havia consumido ...).
2003 |
Não dá pra ver muito bem mas a blusa (ex vestido) é essa da foto.
A usei pouquíssimas vezes. Traumatizei.
Eu me lembro desse vestido/blusa! Também me lembro dessa história!!! Hauahauahauahauah… apesar de não estar presente, por conhecer muito bem o teu Amore, preciso dizer que concordo, ele nem combina com essa situação! Hauahauahauahauah… eu amo os teus TBTs não demora para postar outro! Amo vocês! Beijos da dinda mais linda do Pequeno! 💖
ResponderExcluirMuito provavelmente nos encontramos logo após esse episódio acontecer :)
ResponderExcluirPode deixar! Porque o que não falta é TBT pra ser contado aqui nesse blog.
Bjos cheios de saudade! 💖