Buen Camino, Peregrino!

    Sábado passado, um pouquinho antes das 4:30h deixamos Pequeno na Stazione Centrale di Milano. Ali se reuniu com o grupo de jovens da igreja  e partiram para o Jubileu.

    Foram de Milão para Florença em trem. Lá na Toscana, uma parte do trajeto será feita a pé (farão uma parte da via Francigena). Pra saber mais sobre esta rota de peregrinação basta clicar aqui

    Logo pegarão um trem novamente, desta vez da Toscana para Roma, onde participarão dos eventos do Jubileu.

    Na volta, ficarão mais alguns dias na Toscana, desta vez no litoral. Afinal, os pezinhos merecem um refresco depois de tanto esforço.

    Pequeno não liga pra casa quando está fora. No máximo, se dá ao luxo de escrever resumos rápidos da jornada em curtas mensagens que envia pelo WhatsApp. Isso sim, mensagens essas seguidas de alguns memes. Acho que pra essa geração não tem sentido escrever algo no Whats que não contenha alguma figurinha sem graça.

    Antes de Pequeno partir para o Jubileu, discutimos. Motivo: o calçado do peregrino. Há tempos eu e marido vínhamos dizendo pra ele comprar um tênis em condições de aguentar uma bela de uma caminhada. Pequeno, como um bom  menino mimado, tem muitos tênis. Uma coleção de Vans (na sua maior parte), com algum que outro Adidas. Também tem um Converse cano curto e um tênis que mora no coração: um All Star branco que já anda quase pedindo pra ir pro lixo (não serve nem pra doação, o bichinho tá respirando por aparelhos).

    Também tem um tênis (desses clássicos de academia) que ele usa para fazer educação física na escola. Esse tênis ele "herdou" do pai e é o mesmo tênis que Pequeno usa há alguns anos. Só tem um detalhe: Pequeno hoje calça umas duas numerações a mais que o pai dele. Expliquei que uma coisa é ele fazer 30 minutos de educação física na escola e outra coisa bem diferente é caminhar um dia inteiro com calçado apertado.

    Pequeno não quis saber de papo e nem de calçado novo para o Jubileu. Discutimos (e feio) por conta disso. Eu já tinha mandado a questão do tênis para o espaço.

    - "Quer saber? Que se rale! Só quero um storie no Instagram com a primeira bolha. Dedica pra mim ..."

    Mas Pequeno tem um anjo de pai, que sofre e se preocupa. Até os 47 minutos do segundo tempo estava tentando convencer a criatura de que precisava de um calçado cômodo e confortável.

    Pequeno respondeu mal, disse frases feias típicas de aborrescentes que estão prestes a completar 18 anos (acham que no momento em que fazem 18 anos se governam e podem sair fazendo o que bem entendem ... eu conto ou vocês contam que na verdade segue tudo a mesma bosta coisa?).

    Fiquei com uma raiva imensa, mandei o menino para aquele lugar e acionei o botão do "que se rale" logo em seguida.

    Pequeno arrumou a mochila solito. Não dei pitaco e, na verdade, ele como bom menino orgulhoso que é também não pediu ajuda. Desarrumou a mochila (que ficou muito pesada) e a refez. De novo sem pedir ajuda. E eu, de novo, não passei nem perto do quarto dele.

    Mas como até o meu coração rancoroso tem suas debilidades, me permiti já na madrugada quando estava nos últimos preparativos pra sair de casa, em lhe entregar alguns Band-Aids ... com certeza iria precisar.

    Hoje é o segundo dia de peregrinação. Segundo Pequeno ontem foi tudo bem, as costas aguentaram bem o peso da mochila e os pés aguentaram numa boa. Afinal, estava com o tênis preferido.


    Sim! Pequeno foi peregrinar com o seu amado All Star branco.

mensagem de hoje cedo

    Hoje tem previsão de chuva. E não. Ele não levou uma segunda opção de tênis. Corre o risco de seguir viagem até o dia 05 de Agosto (quando ele retorna pra casa) de chinelo.

    O que me resta dizer senão apenas ... Buen Camino, Peregrino!





Em briga de marido e mulher ...

     Sábado demos uma voltinha aqui pela nossa cidade. Estava tendo um evento esportivo, bem conhecido, que nunca havíamos presenciado.

    A gente quase nunca sai por Villasanta, nossa cidade. Seguimos com o cordão umbilical em Monza (até porque é uma cidade grudadinha na outra). O lado negativo disso é que apesar de estar morando um pouco mais de dois anos aqui, não nos sentimos inseridos na cidade embora a gente já conheça algumas pessoas, tenhamos a nossa cafeteria preferida, o açougueiro, etc ... mas não sei explicar, uma sensação estranha de não fazer parte ( dia desses, conversando com minha vizinha que mora aqui há 4 décadas, ela disse sentir a mesma coisa ... vai entender .. fiquei até aliviada.).

    Enfim ... desses milagres da vida, saímos para dar uma volta eu, marido e (aqui está o milagre) Pequeno. É sempre cada vez mais difícil poder contar com o prazer da sua companhia.

    O evento era o Monza Power Run. Uma corrida beneficente, organizada por uma associação com a finalidade de arrecadar fundos  em prol da pesquisa e tratamento da leucemia. É um evento esportivo e divertido. Uma corrida de 6 ou 12 km com alguns obstáculos. O percurso é entre o Parque de Monza e a cidade de Villasanta.

    Caminhamos um pouco pela cidade, descobrindo os percursos e os obstáculos da corrida. Fomos até o local onde estava o ponto de chegada (ali havia um último obstáculo, um super tobogã que fiquei até com vontade de subir nele). 

   

     Estava estrategicamente colocado bem próximo de um bar onde resolvemos fazer um aperitivo (costume aqui  *dessas bandas  que eu amo!).


    Ficamos um tempinho por ali e logo quando chegou o primeiro competidor nos aproximamos mais para curtir a atmosfera. Achei muito legal e fiquei com vontade de participar (vontade esta que foi pro espaço quando logo depois vi os outros obstáculos. Cansei só de ficar olhando ...).

    Pequeno ficou um pouco conosco e logo foi pra casa (tomar banho, se arrumar para encontrar com os amigos).

    Eu e marido ficamos aproveitando o ambiente e descobrindo o que era a competição em si. Nos divertimos, demos boas risadas com as pessoas fantasiadas (tinha desde homem uva até Pamela Anderson). Fiquei com inveja da galera de mais idade super em forma conseguindo superar todas as provas.




    Até que decidimos voltar pra casa.

    Quando estávamos próximos da nossa casa, passando por um prédio ouvimos uns gritos, um homem que gritava muito forte, gritos de fúria, mas não conseguia entender muito bem. Nos aproximamos da galeria (a entrada do prédio fica nessa galeria) e percebemos um casal discutindo. O homem seguia gritando, de forma violenta. Discutiam em espanhol. 

    Percebi que ele deu um empurrão na mulher. Então eu parei. Disse pro marido: "eu não vou me mover daqui!".

    O homem estava de costas pra rua (para nossa direção), não viu que estávamos ali. A mulher sim percebeu. Ele seguia gritando, ela seguia se desviando, ele seguia impedindo a passagem dela. Quando o tom começou a ficar ainda mais agressivo, disse pro marido: "vamos lá!".

    Enquanto caminhava na direção deles, imaginava na minha cabeça oitocentas mil respostas que pudesse dar para aquele homem caso ele dissesse algo do tipo: "não te mete", "tá querendo o quê", "perdeu alguma coisa aqui". Mas ninguém falou nada. Nem ele, nem ela.

    Nos aproximamos,  o Nicola Sr. perguntou se estava tudo bem. Era óbvio que não estava tudo bem, mas como se inicia uma conversa numa situação deste tipo? O homem foi tentando se explicar em italiano então disse que ele poderia falar em espanhol, que nós entendiamos.

    Foi neste momento que me senti numa novela mexicana (apesar de eles serem do Peru).

    [leia em tom de sotaque castellano]

    - "Porque ella no quiere estar comigo", disse ele.

    - "Yo no te amo más!", respondeu ela

    - "Como no me amas? Si ayer estuvimos juntos ...", retrucou o violento.

    E antes que ele continuasse dando detalhes sentimentais e sexuais, disse que por favor, se ele poderia conversar de uma maneira mais tranquila com ela, sem gritos e gestos bruscos.

    Ele foi tentar argumentar mas levantou a voz novamente.

    - "Não grita, fala com calma. Agora sou eu quem está aqui mas você sabe que daqui a pouco pode ser a polícia ... as pessoas aqui estão ouvindo você gritar, assim como eu ouvi!".

    Ele baixou o tom.

    Pra tentar acalmar um pouco a situação perguntei de onde eles eram (foi aí que descobri que eram do Peru).

    Ele olhava para  a moça e dizia: "Jenny, você não pode fazer isso comigo!". E eu pensava cá com meus botões: "Ahhhh ela não só pode como deve, my friend ..."

    Ele parecia desesperado. Ela me pareceu bem apática, não demonstrava medo, apenas total indiferença.

    Em determinado momento, quando estávamos conversando com ele, o telefone dela tocou e, como se nada estivesse acontecendo, ela disse: "só um pouquinho que vou ali responder pra fulano." Eu fiquei meio sem entender. Por um momento até pensei que ela fosse aproveitar a oportunidade para sair correndo. Mas não. Ela voltou.

    Nicola Sr. foi conversando com ele, dando conselhos. E eu fiquei observando Jenny. Às vezes ela passava a mão no rosto, como quem diz: "tô morrendo de vergonha". Mas seguia ali. 

    Foi então que me aproximei ainda mais dela, olhei no fundo do olho e perguntei: "você está bem? Precisa de ajuda?".

    Ela respondeu  que estava bem, que não me preocupasse. Perguntei uma segunda vez e ela me respondeu ainda mais confiante: "Sí, sí, todo bien!".

    Disse pra ela: "então nós vamos embora".

    - "Sí, sí, no se preocupe, todo bien."

    Voltei pra perto do marido e disse: "vamos embora!".

    Antes de sair, disse pro  histérico violento: "Desculpe por termos nos intrometido na conversa de vocês, mas você estava gritando. Por favor, tentem conversar de uma maneira calma, sem gritos nem violência. Como eu te disse, agora fomos nós que paramos mas se você continuar assim - você sabe como as pessoas aqui são - daqui a pouco é a policia que estará aqui. E pra eles você terá que dar mais explicações. Conversem numa boa, por favor. Tá bom, Jenny? Estamos indo embora ...", quase querendo dizer se você quiser vem conosco ou nos diga para não irmos.

    Eu pensei em ligar para a polícia. Mas quando percebi que ele estava conversando conosco numa boa e se tratando de imigrantes, achei melhor não ligar. Vai saber ... não queria complicar ainda mais a situação para ambos. Tem muita gente aqui sem documentação, que vive ilegalmente. Não sei se era o caso deles mas, por via das dúvidas, e tendo a situação parcialmente acalmada, achei melhor não.

    Nada. Jenny quase que com uma cara de saco cheio de nós disse que estava tudo bem.

    Eu e marido saímos. E até onde nossos ouvidos conseguiam escutar, não  percebemos mais nenhum grito.

    Ficamos dialogando sobre ela ter seguido ali. Marido disse que teve a mesma sensação que eu, que quando ela foi responder no telefone achou que saísse correndo. Por que ela voltou? Seguíamos nos perguntando ...

    Conversamos sobre o risco que corremos. Não sabíamos de quem se tratava. E se ele tivesse uma arma? Uma faca? Eu estava preparada para desviar, para sair correndo,  gritar, pedir ajuda, responder mal ou até mesmo enchê-lo de porrada (eu sei que violência não se revida com violência, mas eu sou ariana!), mas não. Conseguimos, felizmente, conversar numa boa.

    Eu não poderia ter ficado indiferente aquela situação tão brusca que tava ali, bem na minha frente. Não teria como seguir em direção à casa e deixar aquele homem gritando daquele jeito e empurrando aquela mulher.

    Ele me pareceu estar com uma dor de cotovelo daquelas. Jenny não queria mais nada com ele (ainda bem!). Mas Jenny me passou uma sensação estranha de indiferença que me deixou incomodada. Não indiferença com relação à ele, mas indiferença com relação aquela situação em si. 

    Talvez porque este tipo de comportamento fosse "normal" entre eles (isso é conclusão da minha cabeça). Não sei. Não consigo me explicar como alguém pode ser impassivo diante de tal situação.

    Ninguém - NINGUÉM - deve ser tratado assim, aos berros, em plena rua, com empurrões e ofensas. Amor não causa constrangimento, amor não fere fisicamente, nem verbalmente e muito menos psicologicamente. Quem ama não maltrata.

    Assistimos diariamente notícias (infelizmente aqui, no Brasil e no mundo em geral) de mulheres vítimas de violência doméstica. Assassinadas pelas mãos de alguém que dizia amar ...

    Amor não é posse. Ninguém pertence à ninguém. Ninguém manda em você, na sua maneira de ser, na sua maneira de se vestir, de se comportar, o que fazer ... Ninguém, além de você.

    Será que é tão complicado entender que na primeira tentativa de controle ou de violência, você deve sair fora daquele ambiente, daquela relação?! Por que tem gente que se acostuma a viver uma vida à dois falida?

    Sua vida não depende do outro. Ninguém morre de amor porque foi deixado, porque um relacionamento terminou. Não se morre disso.  O amor não machuca. De amor não se morre.

    Mas de violência sim se  morre ...

    Uma pesquisa apontou que no Brasil, no ano passado, à cada 24 horas 13 mulheres sofreram violência doméstica (dados aqui). 

    Na Itália em torno de 100-120 mulheres são mortas por ano. Essa morte tem nome: feminicídio. Só  neste ano, na data de hoje, o número de vítimas é de 31 mulheres. (mais dados aqui).

    Eu não sei se deveria ter parado ali. É complicado a gente se intrometer em algo tão íntimo como pode ser a vida à dois. Eu sei dos riscos que corremos. Eu não sei se estivesse sozinha, sem a companhia do Nicola Sr.,  se teria tido coragem de parar e ir até eles. Mas a única coisa que eu sei é que não quero passar por essa vida sendo indiferente ...

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Em caso de violência doméstica  ligar 180

In caso di violenza domestica puoi chiamare il 1522

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* dessas bandasexpresão gaúcha (da região do Rio Grande do Sul, sul do Brasil) que significa dos lados de cá, dessa região, desse lugar... expressão informal que significa direção/lugar.

Novas Amizades

 Tenho uma nova amiga.

Chegou de mansinho. Dessas amizades boas que aparecem de repente, sem pressa, com calma, sem cobranças ou grandes pretensões.

Na verdade a gente se conheceu já há algum tempo. Uns dois anos, mais ou menos. Mas nos tornamos mais íntimas agora, no início da primavera.

Quase todos os dias, quando saio pra molhar as plantas do meu quintal, ela aparece também.

Ela me escuta mexendo nas plantas e logo sinto os seus passos. É até engraçado! Às vezes saio pro jardim de propósito, só porque sei que ela vai aparecer.

E não importa o dia, se bom ou ruim, como uma boa amiga ela me tira grandes sorrisos.

Eu ainda não sei o nome dela. Mas bem da verdade isso quase nem importa. Eu só sei que ela gosta de mim. 

Os apresento a minha mais nova amiga:




A tartaruga do meu vizinho.

Na primeira vez que ela apareceu me deu um susto tremendo.

Estava sentada no jardim. De repente escuto um barulho de folhas mexendo no chão. Dou uma olhada e não vejo nada.

Algum tempo depois, barulho de folhas novamente. Comecei a me preocupar.

- "Será um rato?", pensei.

Quando o barulho se repetiu pela terceira vez, olho para o lado e lá estava ela: pescocinho em pé bisbilhotando o que eu estava fazendo. Eu que nem sabia que tartarugas eram fofoqueiras ...

A partir daquele dia, passamos a ter encontros frequentes no jardim. Ela escuta barulho do lado de cá e vem correndo. Bom ... correndo é um exagero como você bem pode imaginar ... mas a danada vem com passinhos até que rápidos. 

É uma tartaruga de terra, bonitinha, simpática e serelepe.

Dizem que gatos e sobretudo cachorros se afeiçoam à pessoas boas. Acredita que eu fui pro Google pesquisar se as tartarugas se afeiçoam às pessoas?

E descobri que ... sim! E um dos sinais é próprio o que ela faz pra mim: se aproximar, levantar lentamente a cabeça, interagindo delicadamente.

Pronto! Não preciso nem dizer que fiquei muito feliz com essa demonstração sincera de carinho.

Como diz aquela famosa frase: "Quanto mais conheço os humanos mais eu amo os animais" ... pois é ...

Um Direito ou um Dever?

    Esqueci de contar. No início de junho tive uma primeira experiência aqui na Itália: votei pela primeira vez.

    Como new cittadina italiana (se perdeu essa história a contei aqui), exerci meu direito ao voto pela primeira vez.

    Aqui na Itália votar é um direito e não um dever.

    Eu, sinceramente, vivendo as duas experiências, não sei dizer qual prefiro: se votar porque sou obrigada ou votar simplesmente porque é meu direito como cidadã.

    Aliás, fiquei super decepcionada porque minha primeira experiência como eleitora foi em um referendum, que acabou não atingindo a quota mínima de votantes ... e não deu em nada.

    As pessoas (principalmente as mais jovens) não tem consciência do poder que elas tem em suas schede elettorali (títulos de eleitor).  E muito menos o quão responsáveis são com relação ao futuro do país. 

    Acho que independentemente de país ou  sistema politico, as pessoas estão é descrentes mesmo. Uma pena!

    O fato curioso dessa jornada ficou por conta do título de eleitor. Em tempos modernos e  tecnológicos de chips e apps, aqui ainda se vota da velha maneira. O título de eleitor  é um papel, que na verdade mais parece esses cartões promocionais de bares/cafeterias: 'compre dez cafés e ganhe 1'. Cada vez que a gente vota ganha um selinho (timbro). E quando enche a cartela ... bingo! Mentira.  Só troca por outra cartela mesmo :)

    Ah! Outro detalhe, nas seções eleitorais as mesas de votação  são divididas entre uomini e donne (homens e mulheres).

    Você chega na sua seção, apresenta seu título e documento de identificação com foto. Os mesários te dão a(s) cédula(s) eleitoral(ais). Você entra numa cabine fechada com cortininha e vota ... com lápis (????) que, dizem, é indelével. Depois dobra as cédulas eleitorais (e elas tem um jeito correto (indicado) para serem dobradas) e logo as colocamos dentro das urnas. E pronto. Vai embora. Não precisa assinar nada.

    Gostei dessa primeira experiência, embora estivesse um pouco nervosa com a dobradura das cédulas (como disse, tem uma maneira exata de dobrar e as folhas eram grandes). E aiiiiii de quem dobrar os trecos errado ...

    Votei mais rápido do que o marido. Votamos na mesma sessão mas cada um no seu cantinho. Lembra que falei que separam homens e mulheres? (o voto passou a ser um direito adquirido pelas mulheres aqui na Itália somente em 1946 - no Brasil foi em 1932).

    Eu nem sei quando serão as próximas eleições por aqui. Mas já estou doida pra votar de novo :)  ... e, talvez, quem sabe, leve no bolso uma borracha, só pra testar se o lápis não apaga mesmo.

    Não importa a nacionalidade ... sigo desconfiada nas duas pátrias ... indelével ... eu, hein?! Só acredito apagando  vendo ...

na próxima seremos eu e meus Nicola's  ... dessa vez foi Nicola no singular


Pequeno Precoce.

    Não imaginava que isso pudesse acontecer com Pequeno. Não agora. Não nesta idade. Não me considero uma mãe superprotetora ou alienada, do tipo "Ah, isso não acontece com meu filho, não agora!".

    Ainda mais porque,  como costumo dizer, aqui nessa casa com Pequeno não tem monotonia. Toda semana acontece algo. Mesmo assim,  não me acostumei com certas "surpresas"...

    ... e dessas "surpresas" da vida, quando a gente menos espera ... pronto! ali, bem na nossa frente.

    Pequeno tem passado os dias fora de casa. Desde quando acabaram as aulas ele trabalha como voluntário na colônia de férias da igreja.

    Sai de casa cedo (por volta das 7:30h) e volta lá pelas 18:30h/19:00h (depende sempre se encontra algum amigo ou não pela rua).

    Chega exausto. Vai tomar banho, a gente janta, conversa um pouco (depende sempre do humor do adolescente, se está a fim de bater papo e contar coisas ou não). Às vezes logo após a janta aproveita pra jogar no Xbox. Mas outras vezes chega tão exausto que janta e vai pros braços de Morfeu.

    O fato é que durante a semana, nosso tempo de convivência é  bem pouco.

    A gente interage, se vê e se fala mesmo somente nos finais de semana.

    Na segunda-feira ele chegou cansado do primeiro dia de trabalho da semana. Depois da janta ficou mais algum tempo batendo papo conosco, atirado no sofá.

    Eis que de repente ... conversa vai, conversa vem, Pequeno abaixa a cabeça e ...

    ... percebo um feixe de cabelo branco na cabeça da criatura.

    Num primeiro momento achei que fosse reflexo da claridade da janela. Mas não. Aquela mechinha branquinha se destacava, sem nenhuma dúvida.

    - "Nicola! Meu filho! Tu tá cheio de cabelo branco!", disse meio assustada.

    Ele levantou a cabeça, me deu um olhar de canto de olho e deitou novamente no sofá, exausto, querendo dormir, nem aí para cabelos brancos.

    Reconheço que num primeiro momento fiquei assustada, logo achei engraçado.

    Uma mechinha de uns 4 ou 5 fios de cabelos que resolveram branquear juntos.


    Meu Pequeno, no final da adolescência, quase entrando na fase adulta assume seus cabelos brancos com muito mais parcimônia e maturidade do que os pais ... um a zero pra ele.

    
    Pequeno grisalho ... pois eu nem sei se estava preparada para esse momento ...


Buen Camino, Peregrino!

     Sábado passado, um pouquinho antes das 4:30h deixamos Pequeno na Stazione Centrale di Milano . Ali se reuniu com o grupo de jovens da i...