Good News.

    Esse, mais do que um post, é uma declaração de sentimentos. Muitos, muitos sentimentos ... talvez nem caibam todos aqui.

    Ele já deveria ter sido escrito há alguns dias ... mas sabe como é a vida: corrida, cheia de coisas, preocupações, o tempo que voa ... e quando a gente vê, deixou pra depois ... e o "depois" vai ficando pra amanhã ... e quer coisa mais obsoleta do que um passado que fica pra depois e o depois fica pra amanhã?

    Meu marido resumiu muito bem a nossa última semana: "ela foi perfeita!", disse ele ... num tom de quem até já estava desacostumado a viver somente momentos bons e felizes. Sem estresse, sem preocupação, sem dúvida, sem ansiedade ...

    Na semana passada marido tirou férias porque recebemos visita. Nossas visitas eram meu irmão mais velho (o bem conhecido aqui no blog como tio Beto) e minha cunhada. Eles atualmente moram na África e vieram fazer um tour na Itália com alguns amigos. A última etapa deste tour eles reservaram para ficar alguns dias aqui conosco.


    Foram dias bem especiais, curtimos muito a companhia deles, aproveitamos pra passear, bater papo, bebemorar, se emocionar e sentir aquela sensação boa que é ter alguém querido e importante nas nossas vidas  pertinho da gente.

    Pequeno até pegou folga do seu trabalho como recreacionista na colônia de férias da igreja para passar alguns dias com o seu "amigaum" (piadinha interna, de um vídeo antigo do Pequeno que chorava de ciúmes do tio Beto e dizia, num sotaquezinho gringo coisa mais fofa, que tio Beto não poderia ter outro "amigaum", somente ele).

o "amigaum" e Pequeno ... ou seria o "amigaum" que ficou pequeno?   :)

    Dessas coincidências maravilhosas da vida, o resultado final da escola do Pequeno saiu justamente quando o tio e a tia estavam aqui.

    O último dia de escola dele foi dia 06 de junho mas o resultado final só sairia no dia 14.

    Algumas coisas eu não quis e nem pude contar aqui no blog. Mas não foi um ano escolar fácil. Pequeno corria o risco de perder o ano escolar (repetir de ano ou, como costumamos dizer lá no sul, rodar).

    Acontece que, pela primeira vez em quatro anos de Ensino Médio (quatro anos do temido e quase insuportável Liceo Classico), Pequeno nem sequer pegou recuperação. Passou de ano direto.

    Talvez pra você que não sabe da missa à metade, pode até parecer bobagem mas esse resultado signifca tanta coisa, pra ele e pra nós.

    Tal como Fênix, Pequeno ressurgiu das cinzas. Se reergueu, buscou forças, lutou e foi capaz de recuperar não somente as notas e avaliações mas também (e talvez até o mais importante) a confiança dos professores, a credibilidade (e isso não é tarefa fácil).

    Eu me emocionei, de verdade, por ele. Porque o bichinho merecia. Nós (eu, marido e ele) sabemos o que vivemos desde Novembro passado ... o ano letivo aqui é longo mas nem reclamo porque de certa forma Pequeno teve tempo de pensar, repensar, refletir e mudar rota.

    Pra ele foi muito especial receber esta notícia com o "amigaum" dele aqui em casa.

    E todas estas linhas escritas acima são para contar um pouco dos nossos últimos dias, resumir os últimos acontecimentos e também pra deixar registrado que ...

    ... eu sinto um orgulho imenso do meu Menino, que de "pequeno" já não tem mais nada. 


    Quando eu te dizia, Pequeno, pra dar o teu melhor, confiar no teu potencial, era porque eu queria que tu justamente sentisse a sensação boa que sentes agora: a de dever cumprido!

    Te Amo, desde sempre e para sempre!

    Eu disse que iria falar sobre sentimentos ...


   





Quando Papai do Céu escuta o que a gente pede ...


    Cortaram as árvores. Sim. Todas as árvores da minha rua foram podadas. Depois de muita briga dos vizinhos com a prefeitura, finalmente, lá por novembro passado podaram as danadas. Eu nem me meti nessa "briga", já que os vizinhos vinham reclamando desde algum tempo (anos). Novata nesse quesito, achei melhor ficar quieta.
    
    Eu sonhava em ter um jardim, por menor que ele fosse. Pedi pra Papai do Céu uma casa com um refúgio externo.

    Quando viemos visitar esta casa pela primeira vez me apaixonei pela rua. Apesar de na frente ter um prédio "feinho" (sim, eu sou chata!), adorei a ideia de viver em uma rua super verde. 

    Embora pequena, nossa rua é conhecida na cidade: todo mundo conhece a rua das árvores de tílias. Tudo resolvido: minha vista na primavera não seria mais do prédio que não gosto  mas sim de  muito verde.


    Ingênua que fui, não pensei nos insetos (que são muitos, tantos que quase nem podemos usar o jardim ), no perigo que é ter uma árvore (no caso várias) enorme bem no portão de casa. E nem por um segundo lembrei que folhas no outono caem e que eu teria que limpar cada uma delas (caso quisesse pisar num chão limpo).


 No primeiro outono achei o máximo varrer meu quintal: finalmente meu sonho se tornando realidade. Foi legal na primeira semana. Na segunda também. Na terceira já comecei a resmungar. E na quarta me dei por conta de que ainda tinham 80% das folhas nas árvores.


   
    Também descobri que se não varresse logo as folhas do chão  teria um outro problema sério. O antigo morador da casa decidiu colocar uma lajota quase branca no pavimento do quintal. Quando chove e tem folhas pelo chão, não sei por qual motivo, as benditas (folhas) produzem um líquido gosmento que além de fazer a gente escorregar mancham  de escuro as lajotas.


    Quase morri intoxicada quando decidi limpar as benditas (das lajotas) com ácido (porque somente assim para saírem as manchas). E jurei que havia sido a primeira e última vez que o faria. Mas, para isso, deveria ter mais cuidado com as folhas e varrer logo que caíssem.

    Cortaram as árvores. Elas estavam enormes. Galhos que entravam quase dentro de casa e a mesma sombra fresca que produzia no verão também era a que deixava o interior das casas escuro. Pois é ... a gente nunca 100% contente, eu sei Papai do Céu!

    Agradeci quando fecharam a rua para cortarem as gigantes. Fui pra janela bisbilhotar o trabalho dos moços. E cada barulho de motoserra e de galho caindo, exclamava internamente um: "Ufa! Ainda bem!".


    Uma vizinha foi reclamar com os rapazes responsáveis pela poda de que estavam cortando pouco. Explicou que logo os galhos cresceriam e teríamos o mesmo problema  novamente: "c'è buio dentro casa" (é escuro dentro de casa), repetia minha vizinha insistentemente. O rapaz se limitou a escutar pacientemente e logo respondeu que " haviam mandado fazer assim e que assim ele o faria". Eu, bem da verdade, já fiquei feliz com o pouco que cortaram.

    Cortaram as árvores. E as bichinhas ficaram bem feias. Passamos o resto do inverno quase apostando se cresceriam folhas novas ou não. As árvores são bem antigas (foram plantadas lá pelos anos 50), algumas apresentam marcas que indicam "doenças" (dizem os mais entendidos em árvores ... eu delas sei bem pouco, pra não dizer quase nada). Ficaram feias. Secas, sem folhas, galhos (os que restaram) meio desengonçados.

    Chegou a primavera e nada das folhas aparecerem.

    -"Pronto! Mataram as árvores e agora vou ficar com a vista do prédio feio para o resto da vida!", pensei.

    Final de abril início de maio as folhas resolveram aparecer. Ufa! Vieram com atraso respeito aos anos precedentes. Talvez como forma de protesto pela poda ... vai saber se árvores são vingativas ... 

    É estranho vê-las  meio mirradinhas. Não temos mais aquelas tilias gigantes.  Ainda são altas mas é estranho vê-las apenas com uns topetezinhos de verde.

    A verdade é que nesta primavera não tem tantos insetos quanto nos outros anos (ao menos por enquanto). Não tapa a visão do prédio feio que tenho bem em frente. Também não tem muita sombra.  Por conseguinte, tem mais luminosidade  dentro de casa. Eu sei, Papai do Céu! Eu sei ... somos complicados de entender ...

    As folhas que nasceram parecem bem maiores do que as dos outros anos. Talvez seja a força que ela precisa para renovar, dar vitalidade à árvore podada para logo virem novos e longos galhos.

    Neste ano terei bem menos folhas para varrer ... mas também estou vendo bem menos graça na paisagem ... fazer o quê?!

    Cortaram as árvores ...  e pra ser bem sincera ...   eu nem sei se gostei muito ...

Maio 2024

Maio 2025


"No retrato que me faço
- traço a traço -
Às vezes me pinto nuvem
Às vezes me pinto árvore..." 

            (Mario Quintana)

Quando ele tava na minha barriga, ele descobriu que me amava.

    Mais um Dia das Mães. Um dia normal, como outro qualquer ... mas nem tanto.

    Tem aquela famosa frase que diz assim: "Nasce uma mãe, nasce uma culpa" ... eu adicionaria além de culpa:  perdão, clemência, dúvida, medo, coragem, força, debilidade,  ímpeto, tranquilidade, questionamento, certeza, renúncia, egoísmo, dedicação, apatia, desistência, persistência ... e eu poderia seguir nessa 'brincadeira' de antônimos e sinônimos uns quantos parágrafos mais.

    Mas a maternidade é tudo isso, essa dualidade, controvérsia. Uma doideira de sentimentos, emoções e sensações que vão mudando à cada fase de vida da nossa prole.

    Em Maio de 2018 escrevi aqui no blog o post que mais me deu trabalho. Além dele ser longo, deu trabalho porque nele escrevi sobre sentimentos (absolutamente todos) que havia vivido até então. Abri meu coração, despi a minha alma, de uma maneira que me fez até pensar se deixar o post no blog ou não. Vergonha, eu acho.

    De 2018 pra cá tantas novas emoções foram vividas, tantas experiências, provações ... e vez que outra me pegava voltando lá nele e lendo, relendo, me encontrando, me reencontrando,  me vendo. A vida é assim ... por vezes a gente até tenta escapar mas a nossa base, a nossa essência, as nossas crenças nos trazem de volta. Era quase como se fosse o meu "Manual de Sobrevivência Para Dias Difíceis Como Mãe". Sim, eu costumo ler manuais.

    Eu perdi as contas de quantas vezes reli esse post tão longo, quase todas as vezes provando uma sensação de nostalgia; outras, com a sensação de piedade mesmo:  "pobrezinha de mim, não sabia o que ainda estava por vir".

    Eu estou vivendo agora uma fase bem desafiadora mas ao mesmo tempo apaziguadora (de novo os contrastes de sentimentos ...).

    A adolescência é uma fase aonde a gente se machuca muito (nós pais, e eles filhos). E falo por experiência própria: você pode ter o filho (ou filha) mais amado, carinhoso, tranquilo, respeituoso ... em algum momento vocês entrarão em conflito, você receberá olhares cheios de ódio. Se você, como eu,  não tiver muita paciência, revidará com palavras que se arrependerá pelo resto da sua vida por tê-las pronunciado.

    Meu Pequeno cresceu. Já é um homem que daqui a pouco completará 18 anos de idade. Já não é mais o menininho que deu nome ao título desse post (e você entenderá isso somente vendo o vídeo abaixo). É um homem com um geniozinho muito parecido com o de sua mãe (socorro!), uma pessoa que faz escolhas, que tem suas convicções e certezas, um menino que meio perdido sem saber direito o que quer fazer da vida (tranquilo, Nicola! Eu até hoje também não sei direito ... keep calm my friend!), segue sendo um menino sensível, segue confiando na gente pra contar quase todas as suas histórias, segue sendo educado, respeituoso, gentil. Segue tendo um coração gigante, um olhar que brilha e um sorriso afetuoso.


de quando ele realmente era pequeno :) 

    E nessas linhas acima estou falando sobre ele mas também sobre nós ... também sobre mim.

    Passei alguma (boa) parte da minha maternidade me julgando e me culpando. Agora estou entrando na fase onde estou me absolvendo, colhendo frutos, me perdoando, me entendendo e me valorizando.

    Só o tempo - e Pequeno - dirão ali na frente a mãe que eu verdadeiramente fui.

    Eu só sei que eu fiz o que pude, doei o meu melhor, confiei na minha intuição.

    Se eu paro ainda hoje e leio aquele post lá de 2018 e revejo tudo o que vivemos desde então, bate uma saudade e uma felicidade por tudo o que eu vivi. Que coisa boa que foi e é ter vindo nesta vida para  ser mãe do meu Nicola.

    Durante algum tempo carreguei nas costas o peso dos meus ímpetos negativos, minha maneira brusca, ríspida, exigente e sem tato. Algumas vezes me peguei pensando que meu filho merecia uma "mãe melhor". Passei muito tempo vivendo de lembranças e arrependimentos.

    A adolescência do meu Pequeno, essa danada fase difícil, acabou sendo a fase da minha redenção: eu me perdoei, eu me encontrei (que estranho, logo nessa fase aonde a gente se desencontra deles), me reconheci, o reconheci mas sobretudo nos reconheci - ainda - na nossa essência, como família, como eu Tati e meus Nicola's.

    Releio meu post de antigamente, penso nas vivências do agora, reflito e chego a conclusão de que se pudesse voltar no tempo, acho, faria tudo igual novamente. Simplesmente porque antes e  agora , o que nunca nos faltou foi amor.

    Feliz Dia para todas as Mães! Inclusive às que abusam dos antônimos e sinônimos, assim como eu :)


P.S.: caso você queira ler o post de 2018 basta clicar aqui 

mas lê com tempo e com calma porque o bichinho é quase um livro :)

47 Primaveras.

    Eu não gosto do meu aniversário. Quem me conhece sabe dessa minha "mania" de não gostar de celebrar meu Dia Especial. Aliás, é bem isso: não é que eu não goste do meu aniversário, eu só não gosto de celebrá-lo. Já até comentei sobre isso aqui no blog.

    Quando era pequena até gostava mas acho que somente porque ganhava presentes :) - sendo bem sincera. Mas conforme os anos foram passando, fui perdendo aquela vontade de celebrar, de fazer festa, assoprar velhinhas ... cantar parabéns, então ... que momento de tortura!

    Não tem nada que ver com o fato de "ficar mais velha". Isso, de verdade, não me incomoda.

    Para o aniver de 2025 eu pedi ao Universo para que ele fosse especial. 

    Num primeiro momento, desejei ir para Nova Iorque. Mas foi um sonho que voltou a ser guardado na caixinha dos desejos por realizar.

    Num segundo momento, estávamos planejando ir para Dublin. Eu já conheço Dublin (estivemos por lá antes do Pequeno  pensar em aparecer nas nossas vidas). Dublin é uma dessas cidades que, com certeza, vale a pena voltar. Até comentamos de encontrarmos a Carol e o Sr. Seu Marido por lá. Das facilidades que temos com eles agora morando pertinho (eles moram em Lisboa).

    Mas por circunstâncias da vida e burocracias portuguesas, Carol e Renan não poderiam ir para a Irlanda agora.

    A Carol, para quem ainda não a conhece (já que ela é bem famosa aqui no blog),  é  minha sobrinha. A minha primeira sobrinha (para não dizer minha sobrinha mais velha :P). Temos 6 anos de diferença de idade. Carol é filha do também conhecido tio Beto. Quando fui para a Espanha, morei dois anos com eles (tio Beto, minha cunhada Rejane, a Carol, a Laura e a Beta, minhas outras sobrinhas). Isso fez com que estreitássemos laços ainda mais. Carol passou a ser uma espécie de irmã mais nova ... daquelas que faz sapequice (tipo tatuagens, piercings, rebeldias, etc) e a gente, como boa irmã mais velha, dá sermão mas acompanha nas besteiras :) Eu escolhi a Carol para ser dinda do meu Pequeno. Porque dinda, pra mim,  é naquela tradição de antigamente: como uma segunda mãe. Quem melhor do que a Carol para me representar neste papel?! Éramos parentes, tia e sobrinha ... viramos, também, irmãs por escolha e afinidade mesmo ... logo passamos a ser comadres. Alguns (muitos) anos depois Carol nos convidou (eu e Nicolão) para sermos padrinhos de casamento dela e do Renan. O casamento aconteceu, não do jeito que ela planejou. Acabamos não sendo oficialmente padrinhos, mas me considero madrinha de coração dessa união tão legal. Mais um título adquirido com a Carol: madrinha de casamento. Mas, de todos esses títulos, adquiridos por elos sanguíneos e não, talvez o mais forte seja o de AMIGA. Daquelas que nos entende, nos conhece pelo olhar e tom de voz.

    Pronto. Esse parágrafozão para apresentar a Carol.

    Aproveitando que meu aniversário neste ano cairia em plena Sexta-feira Santa (ou seja, feriadão à vista), resolvemos ir para Lisboa passarmos meu aniver e a Páscoa com a Carol e o Renan ... e com a Luisa. Carol e Renan estão grávidos. Recebemos essa beleza de notícia logo no início do ano (quem perdeu este post pode clicar aqui).

    Saímos na quinta à noite, por volta das 21hs da Itália. Por conta dessas confusões de fuso horário (aqui temos uma hora na frente com relação a Portugal), ganhei parabéns dos meus Nicola's duas vezes durante o vôo (quando fechou meia-noite na Itália e uma hora depois, quando o relógio marcou meia-noite em Portugal).


    Acabamos chegando no bairro onde Carol e Renan moram quase uma da manhã. Eles estavam nos esperando com uma bela surpresa. Ganhei bolo e cartão, que achava que era por conta do aniver. Foi então que li e percebi que estava ganhando um presentão para toda a minha vida ...


    Eu e Nicolão fomos convidados para sermos padrinhos da Luisa, Lulu para os íntimos. Lulu já havia ganhado o coração desses - até aquele momento - tios babões desde o primeiro momento. Vez que outra a gente fica planejando o berço pra comprar quando Lulu vier nos visitar ... imaginando passeios no parque de Monza com a Lulu, rindo e imaginando como serão Carol e Renan na versão pais ... 


    Passamos um final de semana em Lisboa repletos de felicidade. Meu objetivo e desejo, desta vez, não era sair por aí fazendo turismo. Já conheço Lisboa. O que eu queria mesmo era curtir a barriga da Carol.

    E como se não bastassem todas as supresas, fui contemplada com um chutão da Luisa :) Estávamos no sofá, Carol disse: "Ih! Ela tá mexendo bem aqui". Coloquei a mão ... e não é que Lulu chutou bem forte? Deu inclusive um segundo chutinho, um pouco mais de leve. Eu quero acreditar na versão que tenha sido o jeito da Lulu de me presentear pelo meu aniver. Cabe a possibilidade, também, de ela ter ficado indignada que tenha colocado a mão na barriga da mamãe dela ... vai saber ... e o medo da Lulu não gostar de mim?!

    No dia do meu aniver mesmo ganhei um café da manhã especial da Carol e do Renan, cheio de coisas boas, com direito a bolo de aniver, velhinhas e balões. Também fizemos um happy hour/janta num lugar bem legal em Caiscais. (e olha a pessoa que disse não gostar de celebrar os aniversários escrevendo isso toda feliz ...)



 


    No domingo de Páscoa fomos à missa na igreja de Santo António (é com esse acento mesmo!). Almoçamos e logo os meninos foram ver jogo e eu e Carol voltamos pra casa pra fazer o que a gente mais gosta: papear.




    Curtimos muito a companhia dessa família que a gente ama, rimos, nos emocionamos, criamos novos momentos, novas piadas internas,  novas histórias que só a gente entende. Como sempre acontece quando a gente se reúne.




    Eu amei, amei de paixão, ver a Carol pessoalmente, nesse momento tão especial da vida dela. E como ela está linda na versão gravidinha! 

    Lulu resolveu aparecer pra gente, fazendo com que a pancinha da Carol, uns dias antes da gente chegar, desse uma super esticada.


    Eu pedi ao Universo um aniversário especial. E o único que posso dizer é que ele foi muito melhor do que eu esperava ...

Pra não dizer que não falei das flores ...

   Minha vizinha (a casa dela é do ladinho da minha), faleceu quando eu estava no Brasil. Uma senhorinha que não chegou a completar 87 anos pois faleceu algumas semanas antes do aniversário.

    Eu fiquei sabendo desta triste notícia alguns dias após voltar do Brasil. Não pelos meus Nicola's mas por uma outra vizinha.

    A senhorinha faleceu em casa. O velório foi realizado em casa também. E meus Nicola's não perceberam absolutamente nada. Nem barulho estranho, movimentação estranha, entra e sai de vizinhos ... nada de nada. Não fizeram uma  'bella figura', como se diz por aqui.

    Logo que fiquei sabendo fui prestar minhas condolências ao meu vizinho, filho dela, que mora aqui também (moravam somente os dois). Percebi que ele estava no quintal, meio cabisbaixo. Saí propositalmente no quintal também. Pedi desculpas pela demora em prestar nossas condolências. Expliquei que estava fora e que meus Nicola's também não ficaram sabendo de nada. Ele entendeu perfeitamente, agradeceu. Marido chegou logo em seguida. Ficamos conversando um bom tempo.

    Desde dezembro não encontrava mais com minha vizinha. Sabia que estava doentinha porque a moça que fazia limpeza em sua casa nos contou. De vez em quando cruzávamos com o seu filho, mas não falávamos nada além de "bom dia". E no inverno a gente quase não encontra com os vizinhos ... fica todo mundo enfurnado dentro de casa.

    A verdade é que eu não tinha muita intimidade com a sra. Giulia. Nos encontrávamos algumas vezes no quintal de casa ou nas reuniões de condomínio. Ela me lembrava um pouco a minha sogra. Talvez fosse o penteado ...

    Eu achava muito engraçado que cada vez que a encontrava e dizia "Buongiorno!", ela sorria e logo me respondia:

    - "Buongiorno, Signora!".

    Uma senhorinha de quase noventa anos me chamando de "senhora" ... aqui na Itália é assim. Eu desde muito cedo passei a ser chamada de "signora". Bastava o povo saber que era casada e pronto (e olha que a primeira vez que morei na Itália, em Roma, tinha 30 anos). Agora já nem dou mais bola (porque sou uma "senhora" mesmo)  mas quando mais jovem, ser chamada de "senhora" era muito estranho.

    Senhora Giulia faleceu em fevereiro. Mas ultimamente eu tenho lembrado e pensado nela quase todos os dias.

    Por essas bandas de cá iniciou-se a primavera, felizmente! Minha estação do ano favorita, apesar de sofrer com minhas alergias à plantas e pólen.

    Meu jardim ficando verdinho novamente, algumas flores já começam a brotar. As que estavam secas começam a ganhar vida. Minha azaleia está cheia de botõezinhos novamente.  Meu jardim está ficando colorido.

minha azaleia na primavera passada

    E o da Sra. Giulia também ...

    No jardim dela tem pés de camelia que desabrocharam lindamente. Tem camelias brancas, rosas ... uma delas, inclusive, fez questão de nascer virada para o meu jardim, bem do ladinho da minha caixa de correspondência. Todo dia de manhã, quando abro a janela, lá está a camelia da  sra.  Giulia pra me dar bom dia.



    As roseiras dela estão cheias de botõezinhos. E tem um vaso lindo na porta de entrada, com uma flor lilás que eu nem sei qual é o nome  mas que é tão bonita mas tão bonita que eu passo bons segundos parada na janela apreciando.


    Também tem uma árvore muito bonita, que eu amo de paixão, porque a maior parte dela está pros lados da minha casa. Dá um toque especial na vista que tenho na janela da sala.

a árvore de folhas vermelhas

    As flores estão ali, lindas, renascendo, florescendo e embelezando o jardim. Mas a senhora Giulia não está mais lá.

    A beleza e a tristeza da vida, atuando juntas em uma mesma cena ...


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Quando Vier a Primavera

Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.


(Poemas Inconjuntos, heterónimo de Fernando Pessoa)

Good News.

     Esse, mais do que um post, é uma declaração de sentimentos. Muitos, muitos sentimentos ... talvez nem caibam todos aqui.     Ele já dev...