La Noia.

    Noia é uma palavra em italiano que dentre alguns dos significados representa a monotonia, o tédio.

    Aliás, a noia foi uma das desculpas esfarrapadas que Pequeno deu quando aconteceu o caso das cadeiras na escola (é um "causo" recente, se você não sabe do que estou falando basta clicar aqui).

    Mas a verdade é que eu posso reclamar, exagerar, falar e falar sobre o meu maternar. Mas se tem uma coisa que não é, é noioso. (e leia essa frase tanto em sentido positivo quanto negativo ...)

    Pois bem ... Pequeno entrou em férias parciais da escola (parciais porque pegou pendência em Latim). No caso da escola dele (e na verdade quase todas funcionam assim) quando você pega pendência em alguma matéria você entra em férias como todos os outros estudantes (normalmente lá pela primeira semana de junho). Em julho tem duas semanas de 'aulas de recuperação', essas aulas não são obrigatórias a presença  mas é sempre muito bom participar. São aulas  na escola mesmo.  E depois, no final de agosto/início de setembro, tem as provas de recuperação. Logo, lá pela segunda semana de setembro inicia novamente o ano letivo.

    Pequeno em junho, logo após o final da escola,  iniciou o seu trabalho como voluntário no oratorio. Oratorio é um local da igreja onde se realizam encontros (de casais, jovens, famílias, etc), onde são dadas as catequeses, eventos, realizam o que aqui eles chamam de 'doposcuola', onde as crianças vão após a escola para fazer recreação, cursos, deveres de casa, etc. Em alguns oratorios, logo após o final do ano letivo, fazem uma espécie de colônia de férias: as crianças/adolescentes passam o dia por lá fazendo atividades, esportes, brincadeiras, além de passeios. É a salvação de muitos pais que trabalham e não tem onde deixar os filhos nessas longas férias escolares italianas (3 meses de férias).

    Este é o terceiro ano que Pequeno trabalha como voluntário no oratorio, como monitor. Ele gosta e acha o máximo as crianças que o chamam de "tio", dão desenhos de presente, enfim ... Pequeno gosta de crianças.

    Mas o meu Pequeno Monitor  iniciou o oratorio e logo ficou doente, já na primeira semana: reclamava de dor de garganta. Tomou remédio, melhorou e logo voltou pra o oratorio.

    Não conseguiu iniciar a segunda semana de trabalho. Porque ficou doente de novo. A dor de garganta que havia ido embora voltou, desta vez bem mais séria, a ponto de não conseguir comer. Teve febre também, uma febrezinha persistente, cansaço (muito sono), desânimo, além de umas bolas espalhadas pela garganta (perceptíveis também do lado externo do pescoço).

    Num primeiro momento tentei resolver com os remédios que tinha em casa. Mas o remédio para febre não fazia efeito de jeito nenhum. Assim que no segundo dia liguei para a nossa médica de família (que é da família mesmo, nós três somos pacientes dela).

    Liguei para a doutora que demonstrou preocupação. Disse que estava com a agenda lotada mas que mesmo assim queria vê-lo pessoalmente. Arrumou uma brecha na agenda e encaixou Pequeno de qualquer jeito.

    O trajeto até o consultório foi com um Pequeno visivelmente abatido e cansado.

    Na consulta com a doutora ela fez questão de me mostrar como estava a garganta do Pequeno. Que tristeza! Era uma inflamação como nunca tinha visto até então.

    A dra não soube dar um diagnóstico 100% certo mas, segundo ela, não se tratava de uma faringite, amigdalite ou coisas do tipo. Mas sim se tratava de um caso de mononucleose. Segundo ela estavam tendo muitos casos aqui por essa zona onde moramos.

    A mononucleose pode se tratar apenas de uma doença chatinha mas logo curável. É transmissível através da saliva (por isso também é conhecida como a doença do beijo). Porém, apesar de pouco frequente, a mononucleose também pode  ser potencialmente grave causando hepatite, anemia hemolitica, trombocitopenia, miocardite. 

    Fiquei bastante preocupada, sobretudo pela preocupação e atenção da nossa médica. Normalmente ela é estressada, rápida nos diagnósticos, mas naquele dia ela teve especial atenção. Receitou um antibiótico, nos deu um pedido para exame (pra confirmar ou descartar a mononucleose) que deveria ser feito daqui uns 10 dias, para ter um resultado mais efetivo, segundo ela. Me pediu que ligasse  dando notícias do Pequeno:

    - "Inclusive se ele melhorar me liga e me diz como está."

    Foi até cômico quando alguns dias depois liguei para dar notícias do Pequeno. A doutora que tem fama de carrancuda, estressada, por vezes até antipática, logo que me identifiquei no telefone, me disse carinhosamente:

    - "Oh! Como está o meu menino?"

    O menino da doutora iniciou com o antibiótico porradão e nuns 3 dias depois já estava bem, sem febre, mais animado e com seu apetite normalizado. A garganta seguiu inchada por algum tempinho mas não doía mais. Os gânglios pelo pescoço (que antes ignorantemente chamei de "bolas") foram desaparecendo também.

    Marquei o exame no dia e local que a doutora recomendou. Foi engraçado porque aqui no hospital de Monza, até os 16 anos os exames de sangue são feitos no reparto pediátrico. Eu não pude tirar foto, mas imaginem essa cena: Pequeno, duas enfermeiras, uma sala cheia de desenhos e logo ao lado do Pequeno, enquanto fazia o exame de sangue, um bonequinho de dinossauro lhe fazia companhia. Última experiência dele ... o próximo exame de sangue já não vai ser tão empático assim.

    Pequeno melhorou e a doutora o liberou para voltar aos seus afazeres de monitor no oratorio.

    Dois dias depois do retorno às suas atividades, Pequeno me chega em casa assim:


    Nossa Senhora das Mães sem sossego! Caiu de bicicleta, quase na esquina de casa.

    Juro que a primeira coisa que pensei foi:

    - "Meu Deus do Céu! Os dentes!!!!!!"

    Felizmente os dentes estavam intactos. (se você não entende o motivo da minha preocupação com os dentes, basta clicar aqui).

    Apesar do vacilo (total falta de atenção), nada grave: um queixo ralado, joelho ralado, algumas feridas nas mãos (ele voou da bicicleta e se protegeu com as mãos), alguma dorzinha aqui, outra ali ... mas nada preocupante.


    Nesta semana saiu o tão esperado resultado dos exames de sangue do Pequeno.

    Mononucleose confirmada. Mas uma mononucleose estranha (palavras literais da doutora). No final ela não soube dizer com certeza se a mononucleose para qual o exame deu positivo foi recente ou não. O exame do Pequeno deu uns valores meio desconexos. Mas o fato é que ele teve mononucleose.

    Não vai precisar seguir tratamento com medicamentos. Mas pediu que ele tivesse muito cuidado com a alimentação: comer bastante verdura e fruta e tentar evitar ao máximo os doces (coisa bastante difícil para Pequeno). Disse que precisava ter bastante cuidado com o baço ( aí uma palavra nova que aprendi em italiano ... baço é milza).

    Viu? Eu falei ... se tem uma coisa pela qual não vou morrer é de noia com o Pequeno. Meu coração eu já nao sei se vai aguentar essas "surpresas" semanais ... mas de noia, de monotonia, de tédio  eu não morro!

4 comentários:

  1. Hauahauahauaha… imagina ele com esse tamanhão tirando sangue com bichinhos na volta! Ganhou certificado de valentia? Hauahauahauahau…
    Eu AMO que não temos tédio com o meu afilhado, a vida é muito mais divertida com os causos dele. Mesmo que inicialmente a gente morra de preocupação, depois temos motivos para rir muito!
    Amo vocês! Beijos da dinda mais linda do “pequeno”! 🥰
    Saudadeeeeee!

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  2. Só não achei o pequeno, tá um homem!!! Que se recupere completamente!!😘

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  3. 👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼💪🏼🙏🏼

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  4. Amado, peralta e doce Pequeno que consegue tocar os corações mais endurecidos!
    Que fofa a frase da doutora:
    - "Oh! Como está o meu menino?"😍
    Como não amar o Pequeno, mais lindo a cada dia!
    Bella amica, o meu Caio teve isso, no caso dele, precisou até ser hospitalizado, Foi bem quando viajei ao RJ, quando meu sogro faleceu.
    Lembro o meu desespero e o médico me dizendo: -"Calma, mãe! Isso só significa que seu filho anda beijando muito."
    Ahhhh coração de mãe sofre hehe
    Cuide-se amado Pequeno!
    Deus te abençoe e proteja sempre 🙏🏼🙏🏼🙏🏼
    Rose Mazza

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